Expulsão na mesa de Lula

Nonato Viegas
Publicada em 10/11/2023 às 09:52
Daniel Zonshine sugeriu que o Hezbollah escolhou o Brasil por acolhida Foto: Wenderson Araújo/Trilux/Folhapress

A saída dos brasileiros retidos na Faixa de Gaza libera o Brasil de assumir uma posição de maior altivez contra Israel, admitiu ao Bastidor uma fonte da diplomacia brasileira. Está sobre a mesa do presidente da República a expulsão do embaixador Daniel Zonshine do país.

O Bastidor confirmou a informação com duas fontes, uma política ligada à diplomacia e outra ao Itamaraty.

Segundo uma delas, se o presidente vier a avaliar a opção, sua decisão levará em conta também as implicações na política interna, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro vende a ideia de proximidade com Israel, com a aparente anuência do embaixador.

Caiu muito mal entre a diplomacia brasileira as declarações de Zonshine ao jornal O Globo, de que se o Hezbollah escolheu o Brasil para recrutar terroristas “porque tem gente que os ajude” no país.

A avaliação é de que não há justificativa para a acusação de Zonshine. Segundo uma fonte do Itamaraty, ele não poderia fazer a acusação depois de a Polícia Federal prender dois brasileiros ligados ao Hezbollah e evitar ataques terroristas a prédios da comunidade judaica no Brasil.

A PF segue na investigação sobre a suposta rede de recrutamento.

A demora de Israel para liberar os brasileiros na Faixa de Gaza, submetendo-os a riscos de morte, já vinha causando mal-estar nas relações diplomática entre os dois países. A questão se resolveria nesta sexta (10), quando finalmente fossem liberados.

Também não pegou bem a sugestão do gabinete de Benjamin Netanyahu de que o mérito pelas prisões no Brasil era da Mossad, o serviço secreto de Israel, que teria alertado a PF da atuação do Hezbollah no país. A fala foi rejeitada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, sob quem está subordinada a polícia brasileira.

As declarações do gabinete do primeiro-ministro israelense, porém, foram interpretadas como uma tentativa de ficar bem internamente depois de o mesmo serviço secreto falhar gravemente para evitar o 7 de outubro, quando o Hamas invadiu Israel e matou milhares de pessoas e fez outras duas centenas de reféns.

Já a entrevista do embaixador na qual ele sugere haver complacência no Brasil para as ações do Hezbollah foi considerada gravíssima.

Mais ainda porque não foram acompanhadas de nenhuma prova e vão ao encontro das narrativas da extrema-direita de que o governo é próximo de grupos terroristas. Piorou porque foram no contexto da reunião de Zonshine com Jair Bolsonaro.

A defesa dos que pregam a expulsão do embaixador de Israel vai na linha de que a reprimenda serve de mensagem de que o Brasil não vai tolerar ataques às suas instituições de Estado.


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