Análise: registro da Pfizer põe pressão no governo e expõe incompetência de Pazuello
Como antecipado com exclusividade pelo Bastidor na semana passada, a Anvisa aprovou o registro da vacina da Pfizer. Embora esperada, a decisão põe extraordinária pressão no governo Bolsonaro para comprar um imunizante oferecido reiteradamente - e em vão - ao Brasil desde setembro do ano passado. Também atesta a incompetência calamitosa do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
É a primeira vacina a obter o registro na Anvisa. Com ele, a agência assegura que o imunizante é seguro, eficaz e de qualidade. Torna-se um produto farmacêutico comum, de bula tradicional. Pode ser vendido a empresas privadas.
Esse carimbo da Anvisa distingue-se da autorização para uso emergencial - aquela que foi obtida pela Sinovac (Coronavac) e pela AstraZeneca (vacina de Oxford/Fiocruz) em janeiro. Esse tipo de autorização, criado pelo FDA, dos Estados Unidos, prevê um processo ultrarrápido de avaliação, mas o uso é provisório e se limita ao programa nacional de imunização, tocado pelo Ministério da Saúde.
Técnicos da Anvisa ficaram impressionados com o profissionalismo da Pfizer. A empresa apresentou, nos últimos meses, todos os dados e informações necessários, por meio do processo de submissão contínua da agência - técnicos da OMS, que também receberam os documentos, concordam.
Diante da demora do Ministério da Saúde em fechar negócio, a Pfizer, que pretendia pedir a autorização para uso emergencial, optou por ingressar com o pedido de registro no começo do mês, conforme revelado pelo Bastidor.
Enquanto o Ministério da Saúde corria para firmar contratos para lá de controversos com a União Química (Sputnik) e Precisa Medicamentos (Covaxin), os técnicos da Anvisa passaram o Carnaval debruçados sobre os dados da Pfizer.
Ressalte-se que eles não tinham documentos da Sputnik e da Covaxin para analisar. A União Química, apesar da pressão política, não mandou quaisquer dados à agência desde que começou sua blitz pública. A Precisa havia apresentado um pedido para fazer estudos de fase três em parceria com o hospital Albert Einstein. Faltaram dados, e as duas partes ainda não se entenderam sobre quem pagará a conta do estudo.
A Anvisa, portanto, concedeu o primeiro registro a uma das melhores vacinas - se não for a melhor - contra covid-19. Mas o Ministério da Saúde optou por não comprá-la e firmar contratos, no mesmo momento, para adquirir dois imunizantes sem perspectiva de obter nem sequer autorização de uso emergencial.
Graças aos esforços do centrão, de Flávio Bolsonaro e de lobistas, as duas vacinas (Sputnik e Covaxin) poderão chegar aos braços dos brasileiros sem que a Anvisa - ou qualquer agência sanitária de referência - ateste a segurança e a eficácia delas. Basta que o presidente sancione a MP que exclui a agência do processo de importação das vacinas.
Para que o Brasil tenha acesso à única vacina que aprovou, cuja fabricante assegura a entrega de cem milhões de doses ainda em 2021, o Congresso precisará agir e encontrar uma solução que permita a compra por meio de outros órgãos públicos (governos estaduais, por exemplo) e empresa privadas (desde que se comprometam com diretrizes do programa nacional de imunização e destinem parte da compra gratuitamente ao público).
Caso o Congresso não colabore, resta esperar que o governo mude de ideia e feche negócio com a Pfizer antes que seja tarde demais.
Justiça inclui nora do rei do laranjal em processo que trata de ocultação de patrimônio
Leia MaisO ministro Gurgel de Faria, do STJ, atende pleito da Paper em disputa sobre o controle da Eldorado
Leia MaisApós sete anos, PF pede arquivamento de inquérito contra senador do MDB sobre corrupção no Postalis
Leia MaisACM Neto tenta manter no cargo secretário suspeito de ajudar Marcos Moura em esquema
Leia MaisProcuradoria em Minas Gerais recorre de decisão que inocentou diretores das empresas envolvidas
Leia MaisAssessorias financeiras e XP empurram a aposentado investimentos arriscados que geram prejuízos
Leia MaisDepoimento recente do delator contém novidade e mudança de versão que ajudou na prisão do general
Leia MaisGeneral quatro estrelas é detido no Rio no âmbito de inquérito da tentativa de golpe
Leia MaisMendonça foi o único a votar para afastar Alexandre de Moraes das investigações sobre Bolsonaro
Leia MaisToffoli compartilha processo contra a Transparência Internacional, apesar de provas em contrário
Leia MaisTJGO mantém bloqueio de 34 imóveis de empresário acusado de colocar bens em nome de terceiros
Leia MaisAGU diz a Fux que governo não tem como impedir uso de Bolsa Família para pagamento de apostas
Leia MaisSTF forma maioria para condenar Roberto Jefferson à prisão por incitar abolição do estado de direito
Leia MaisAssembleia Geral de Credores da Laginha é adiada novamente sob denúncias
Leia MaisGeneral Guido Amin Naves é aprovado pelo Senado para ocupar cadeira no Superior Tribunal Militar.
Leia Mais