Preferida em excesso
Pelo menos três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 3ª Região estão incomodados com a pressão de figuras petistas em favor da advogada Gabriela Shizue Soares de Araújo. Ela está na disputa para integrar a lista sêxtupla que será enviada ao presidente Lula, para a escolha do novo magistrado responsável pelos processos federais em São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O principal cabo eleitoral de Gabriela é seu marido, o deputado estadual petista Emídio de Souza. Fontes que acompanham a disputa disseram que partem dele as principais pressões no TRF3 pela nomeação da companheira.
Emídio ganhou força no PT nos últimos anos, principalmente junto a Lula. O casal foi padrinho de casamento do presidente com a primeira-dama, Janja. Ele é um dos auto-nominados líderes do Prerrogativas, grupo de advogados que faz campanha no Judiciário e, principalmente, no setor privado em favor de Lula e do PT.
Dentro do 'Prerrô', Emídio tem Marco Aurélio de Carvalho como escudeiro na empreitada pela nomeação de Gabriela. O advogado integra o Conselhão de Lula e advogou para a primeira-dama, Janja, amiga de sua esposa, Alessandra.
Amigo do Advogado-Geral da União, Jorge Messias, Carvalho atua nas ações judiciais em que as empreiteiras condenadas na Lava Jato buscam rever as multas impostas pela Justiça pelos crimes cometidos.
Emídio também tem apoio de peso fora do 'Prerrô', e até na direita conservadora. Nos bastidores, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, tem defendido a escolha de Gabriela para o TRF-3. Junto a ele está o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal.
Mendonça, o ministro "terrivelmente evangélico", devolve a gentileza que recebeu num passado recente. Foi Lewandowski quem abraçou sua candidatura e chegada de Mendonça ao STF. É possível dizer que o ministro da Justiça fez mais pelo ex-colega de Supremo do que Jair Bolsonaro, presidente que indicou e nomeou o pastor evangélico.
O apoio de Mendonça pode ajudar a reduzir a resistência do TRF3, conhecido por ser uma corte conservadora. Mas muito dificilmente ajudará a melhorar a imagem de Gabriela. Além de a pressão incomodar desembargadores, tribunais costumam deixar de fora de listas os candidatos preferidos pelos responsáveis pela nomeação.
Correção feita às 10h20 de 23 de maio de 2024: Ao contrário do que foi divulgado pelo Bastidor, Marco Aurélio de Carvalho não advoga mais para a primeira-dama.
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