Gilmar isola Fachin, detona Moro e desfere golpe letal na Lava Jato

Diego Escosteguy
Publicada em 09/03/2021 às 20:40
Foto: Folhapress

Dois anos e três meses depois de pedir vista do pedido de suspeição de Sergio Moro, Gilmar Mendes desferiu hoje aquele que provavelmente será o golpe letal na Lava Jato. Num só movimento, o ministro isolou Edson Fachin, detonou o ex-juiz de Curitiba e deixou Lula perto da possibilidade de concorrer em 2022.

Num tribunal conflagrado e cada vez mais abertamente político, Gilmar contragolpeou imediatamente Fachin, que tentara ontem livrar Lula para salvar a Lava Jato. É um jogo em que as opções jurídicas dos ministros subordinam-se a preferências estratégicas de suas agendas.

Por teratológica e extrema, a decisão de Fachin enfraqueceu o ministro e o apoio à Lava Jato no Supremo. O presidente do tribunal, Luiz Fux, defensor da operação, viu-se constrangido por Fachin, que tentou adiar a sessão convocada por Gilmar. Não comprou a briga. Cármen Lúcia, outra voz favorável às investigações de corrupção, também não quis conversa.

Não fosse pelo inesperado pedido de vista do ministro Kassio, indicado por Bolsonaro, o julgamento de hoje estaria definido antes de começar - ou recomeçar. O apelo de Fachin aos quatro colegas da Segunda Turma (Cármen Lúcia, Kassio, Ricardo Lewandowski e Gilmar) não foi ouvido. Ninguém aceitou enviar o caso ao plenário, como ele pretendia.

Ao voto contundente de Gilmar, que acolheu o pedido da defesa de Lula e considerou Moro parcial na condução do processo do triplex da OAS, seguiu-se a fala de Lewandowski. Este, em termos ainda mais duros, concordou com Gilmar.

O pedido de vista de Kassio interrompeu o julgamento quando Cármen Lúcia dava sinais de que mudaria seu voto - em dezembro de 2018, ela, assim como Fachin, foi contra a suspeição.

Em tese, o julgamento está empatado em dois (Fachin e Cármen) a dois (Gilmar e Lewandowski). Mas, mesmo que Kassio vote contra Gilmar e a favor de Moro, um gesto que iria contra sua trajetória até o momento no Supremo, Cármen ainda pode dar o voto decisivo em favor de Lula.

É difícil, portanto, vislumbrar um cenário em que Moro se salve e Lula não siga livre para disputar as próximas eleições. Não se trata de uma configuração de poder limitada à Segunda Turma. Hoje, há maioria no plenário para considerar Moro parcial e liberar o ex-presidente para concorrer em 2022.

Apesar das incertezas processuais e possíveis reviravoltas em processos distintos, é majoritária, entre os ministros, a avaliação de que a Lava Jato cometeu erros e que Moro foi parcial com Lula. Também predomina, entre eles, o entendimento de que o petista pode ser um contrapeso a Jair Bolsonaro, a quem consideram uma ameaça à democracia brasileira.

Exclusivo

Laranjas no Pará

30/06/2025 às 10:00

PF descobre saques e transações suspeitas em empresas de marido de Elcione Barbalho

Leia Mais

Alcolumbre e Motta desistem de ir a audiência no Supremo que criticou distribuição de verbas

Leia Mais

Tribunal de Contas de PE paralisa processo em que a Ambipar ganhou direito a explorar coleta na ilha

Leia Mais

Gonet propõe que privilégios só sejam pagos ao Ministério Público após decisão judicial

Leia Mais

Prefeito na cadeia

27/06/2025 às 11:24

Eduardo Siqueira, de Palmas, é preso em investigação sobre vazamento de informações do STJ

Leia Mais

Felix na Overclean

27/06/2025 às 10:12

PF faz operação contra deputado e assessor por fraude com emendas em prefeituras do PT na Bahia

Leia Mais

Supremo muda entendimento sobre o Marco Civil da Internet e aumenta responsabilidade de plataformas

Leia Mais

Presidente do Senado não se esforçou para evitar a derrubada dos decretos que elevavam o IOF

Leia Mais

Apesar da resistência, Jair Bolsonaro anuncia que seu filho Carlos será candidato ao Senado por SC

Leia Mais

Desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo querem mudar plantões criminais da corte

Leia Mais
Exclusivo

Dupla remuneração em xeque

26/06/2025 às 11:50

Dirigentes da USP faturaram 1,7 milhão de reais da fundação que administravam

Leia Mais

Ministro contraria expectativa e vota com Mendonça para manter como está o Marco Civil da Internet

Leia Mais

Em dia catastrófico para o governo, Congresso derruba IOF, aprova mais deputados e desgasta Lula

Leia Mais

Cerco à delação

25/06/2025 às 18:25

Wajngarten e Paulo Bueno vão depor à PF por abordagens a filha, esposa e mãe de Mauro Cid

Leia Mais

Me deixem pra lá

25/06/2025 às 16:36

Indiciado, corregedor da Abin pede à PGR que sua parte no inquérito seja arquivada

Leia Mais