Água no chope

Alisson Matos
Publicada em 30/10/2024 às 23:30
Os procuradores da PGFN reagiram à decisão do STF nesta quarta-feira (30) Foto: Reprodução/redes sociais

O clima na terça-feira (29) no restaurante Maria Antonieta, um dos mais concorridos de Maceió, era de festa entre membros da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) que atuam no processo de falência da usina Laginha.

No dia seguinte, seria realizada uma assembleia-geral dos credores da massa falida que discutiria, entre outros assuntos, a proposta de 62% de desconto na dívida da usina com a União. Como mostrou o Bastidor, a assembleia tornara-se uma espécie de saldão da Laginha. O administrador judicial e a comissão de juízes pretendiam aprovar um plano para vender os ativos da massa falida. O que incluía a queima de precatórios bilionários em nome da Laginha.

O plano dos procuradores, contudo, não foi adiante: logo após os brindes no Maria Antonieta, o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu a assembleia-geral convocada pela comissão de juízes. O ministro entendeu ser “prudente” suspender o saldão até que o STF defina se o Tribunal de Justiça de Alagoas pode tocar ou não recursos sobre o caso.

Num movimento que chamou a atenção de outras partes do caso, os procuradores da PGFN reagiram à decisão do STF nesta quarta-feira (30). Argumentaram que a realização da assembleia é "medida facultativa". Enviaram aos três juízes da comissão um pedido em que solicitam autorização para que o administrador judicial, Armando Wallach, celebre o acordo proposto. Novamente: mesmo - e logo após - a decisão do ministro do Supremo.

Eles querem ainda que seja determinada a intimação do comitê de credores, do falido e do AJ “a fim de que se manifestem sobre a proposta”. Disseram, sem citar exemplos concretos, que em outros casos, mesmo sem assembleia, foi "conferida autorização ao administrador judicial para celebração do acordo de pagamento".

Os procuradores que assinam o documento - Maria Rita Zaccari Monteiro, Tiago Fernandes de Souza, Alexandre de Andrade Freire e Filipe Aguiar de Barros – também deixaram um recado: “Caso não haja confirmação da proposta até o dia 13 de novembro, a PGFN não pode assegurar a manutenção do desconto ofertado”.

Pelo acordo, a dívida bilionária cairia para 855 milhões reais. A proposta foi assinada, no dia 15 de agosto, pelo procurador Bruno Dias Alves da Silva, que também aparece na foto do restaurante.

O empenho dos procuradores tem recompensa. Eles ganham honorários de sucumbência, que são valores devidos pela parte vencida à parte vencedora em um processo judicial. Advogados que participam do caso estimam que a sucumbência pode chegar à extraordinária quantia de meio bilhão de reais.

No caso do que couber, se couber, à PGFN, os valores são encaminhados a um fundo. O dinheiro é dividido entre os procuradores, de acordo com o tempo de serviço.

Leia a manifestação dos procuradores:

Em nova ação contra a Lava Jato, Toffoli retira sigilo de caso de gravação de conversas do doleiro

Leia Mais

Era manobra

21/11/2024 às 10:30

Procuradores da PGFN mudam postura e estendem prazo para análise de desconto em dívida da Laginha

Leia Mais

Contra o plano

21/11/2024 às 10:25

Bradesco exige votação que respeite a ordem dos credores na assembleia de credores da Laginha

Leia Mais

O risco Adani

20/11/2024 às 21:26

Procuradores dos EUA avançam criminalmente contra bilionário amigo de Modi após ataque da Hindenburg

Leia Mais

Conselho Nacional de Justiça aposentou desembargadora envolvida em venda de sentenças

Leia Mais

Investigações tentam encontrar laços de militares que queriam matar Lula com o 8 de janeiro

Leia Mais

Militares e um agente da PF presos queriam matar Lula e Alckmin; Moraes também era alvo do grupo

Leia Mais

O mês que marcaria os últimos dias do governo Bolsonaro foi o escolhido para o golpe, segundo a PF

Leia Mais

Operação da PF assusta por mostrar que, sob Bolsonaro, militares podem matar adversários políticos

Leia Mais

Investigação da PF mostra que general próximo a Bolsonaro elaborou plano para matar Lula e Alckmin

Leia Mais

Senacon tenta limitar publicidade de bets, mas falha ao detalhar eventuais punições.

Leia Mais

PF prende um dos seus e quatro militares suspeitos de planejar matar Lula, Alckmin e Moraes em 2022

Leia Mais

Na miúda, Anatel libera operadora a migrar de regime em acordo que custou 17 bilhões de reais

Leia Mais

Cade retira poderes da Paper Excellence para ditar os rumos da Eldorado Celulose, do Grupo J&F.

Leia Mais

Feira dos amigos

18/11/2024 às 13:05

Entidade escolhida sem seleção pública cuidou de organização de evento para 500 mil em Roraima

Leia Mais