A troca de farpas entre as Forças Armadas e o Supremo

Brenno Grillo
Publicada em 25/04/2022 às 10:51
Foto: Reprodução/Twitter/Marco Feliciano

Três ministros do Supremo falaram sobre democracia nos últimos três dias. As afirmações de Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia repercutiram muito, principalmente por conta do caso de Daniel Silveira – apesar das falas do decano da corte terem sido concedidas antes do julgamento do deputado bolsonarista.

Na entrevista publicada no sábado (23), o ministro disse que “não vai” ter golpe por conta da “resistência das instituições”. Nem mesmo o bolsonarismo nas casernas das PMs incomoda Gilmar Mendes: “Pode ter havido uma contaminação porque eles elegeram muitos policiais, mas em quase quatro anos, não se produziu subordinação ao governo federal”.

No mesmo dia, os clubes militares de Exército, Marinha e Aeronáutica divulgaram nota defendendo Daniel Silveira e o perdão concedido por Bolsonaro. Segundo os aposentados que confundem pijama com farda “o STF vem há tempos propagando notórias e repetidas demonstrações de partidarismo político em suas interpretações da Constituição Federal”.

No domingo (24), Barroso disse durante palestra na Alemanha que as Forças Armadas estão sendo influenciadas a minar a democracia: "Desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?"

A fala incomodou bastante, motivando nota do Ministério da Defesa. O ministro Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira disse que a afirmação de Barroso foi "irresponsável" e uma "ofensa grave". "O Ministério da Defesa repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de que elas teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia", complementou.

Mesmo sem querer, Cármen Lúcia respondeu às críticas militares em entrevista publicada hoje. Afirmou que o Brasil é “uma democracia em que há antidemocratas ainda”. Todo esse contexto é cheio de incertezas; o que se pode garantir é que a estratégia de Bolsonaro deu certo, tencionou as relações entre Supremo e Forças Armadas ao mesmo tempo em que assanhou sua militância.

Há no STF, segundo fontes do tribunal, quem defenda que a corte respeite a graça de Bolsonaro, aceite derrubar a prisão de quase nove anos imposta a Daniel Silveira e mantenha sua inelegibilidade. Assim, apesar da derrota, consegue-se o mais importante, que é retirar os extremistas da política. Mas nada está decidido. Talvez o tempo transcorrido até o julgamento das ações contra o perdão ajude a amainar os ânimos. A ver.

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