Racha no grupo da Saúde confere última chance à CPI da Pandemia
A madrugada de terça para quarta avançou repleta de tensão e com troca de recados ameaçadores em Brasília. Fraturou-se o grupo da Saúde - aquele que toca os negócios na pasta desde 2016. Acossada por duas operações da PF numa semana, e às vésperas de mais um depoimento à CPI da Pandemia, essa turma perdeu a frágil confiança mútua que restava. É o tipo de fissura que pode ser consertada em dias - ou, se manejada com inépcia, demolir o centro de distribuição e logística deles.
Dois dos homens operacionais do grupo da Saúde estão sob ataque e foram alvo da PF: Davidson Tolentino (diretor da Codevasf até dias atrás) e Tiago Queiroz (secretário de Mobilidade Urbana). Ambos foram diretores no Ministério da Saúde, no governo Temer, sob indicação de Ciro Nogueira, Arthur Lira e Aguinaldo Ribeiro. Mantiveram-se em cargos estratégicos após a adesão do centrão a Bolsonaro. Atuam afinados.
A dupla, em especial Davidson, está preocupada e tem certeza de que será abandonada conforme a PF avance. Recebeu garantias de que tudo ficará bem. Mas busca caminhos alternativos - demonstração de que eles não confiam tanto assim nos portadores das promessas. Até ontem, também tinham garantias de que não seriam importunados pela PF ou pela CPI.
O lobista Flávio Loureiro de Souza, o Flavinho, amigo de Ciro, conduz a parceria entre aliados do senador e o núcleo operacional da Saúde. Tenta acalmar os alvos de ontem - talvez sem saber que detém grandes chances de ser o alvo de amanhã. Ele também é investigado pela CPI. Possivelmente desconhece que seu nome é cogitado como sacrifício a ser oferecido às autoridades.
No campo de Max, o operador da Covaxin, a pressão de duas buscas em poucos dias cobrou seu preço. Ontem, dois emissários qualificados dele em Brasília transmitiram a seguinte mensagem a alguns dos senadores mais influentes da República: se Max ou algum familiar dele cair (vários estão envolvidos formal ou diretamente em seus negócios), tudo pode acontecer. O que é um jeito polido de dizer que o lobista atacará quem ele julga que o deveria proteger.
O jovem lobista Danilo Trento, que atua formalmente sob a estrutura da Precisa de Max, deve depor na CPI na quinta (amanhã). Ele tem fortes ligações com os chefes do PP. Mas, agora, diz a interlocutores não acreditar na proteção que Max lhe assegurou. Herdou de seu pai uma relação de confiança que aparentemente deixou de existir. Danilo é o nexo mais visível - e vulnerável perante a PF - entre o grupo de Max e o PP.
Diante de tantas pontas soltas, como dizem os estrategistas de Brasília, Ciro e Lira - mais do que Ricardo Barros - enfrentam dificuldades para impedir que as fissuras virem buracos. As mais recentes e múltiplas crises de confiança nesse amplo grupo provavelmente apresentam-se como a última oportunidade para que a CPI avance nas suspeitas de corrupção no Ministério da Saúde.
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