Kassio consolida muralha judicial que protege empresa próxima a Ciro
Ministro próximo a Ciro Nogueira, Kassio liberou no começo da noite de segunda um motoboy de empresa suspeita de ter ligação com o ministro da Casa Civil de depor amanhã (terça) na CPI da Pandemia sobre o destino de saques suspeitos e em espécie de R$ 4,7 milhões registrados em nome dele.
Às 16h, o advogado de Ivanildo Gonçalves da Silva, o motoboy, pediu que Kassio cancelasse a ida dele à CPI. Por volta das 20h, o ministro acolheu os argumentos da defesa, preparados oficialmente pelo advogado Alan Ornelas, de 27 anos. Ele integrava a banca que defende Fabrício Queiroz.
Segundo registros bancários, Ivanildo sacou os quase R$ 5 milhões de contas associadas à VTCLog, empresa contratada pelo Ministério da Saúde para armazenar e distribuir remédios e equipamentos da pasta. A VTCLog é o novo nome da Voetur, empresa conhecida há décadas nas licitações de Brasília. Tem o mesmo dono: Carlos Alberto de Sá, o Carlinhos.
Para conseguir um aditivo recente no controverso e milionário contrato que já detinha com o Ministério da Saúde, assinado e ratificado nos últimos anos por apadrinhados de Ciro e Arthur Lira, Carlinhos recrutou os serviços do amigo Flávio Loureiro de Souza, o Flavinho, outra figura conhecida em Brasília, de acordo com duas fontes que participaram das tratativas.
Flavinho, sócio do filho de Carlinhos num hangar e dono de múltiplos negócios com suspeitas de lavagem de dinheiro, é amigo de Flávio Bolsonaro e de Ciro Nogueira. As mulheres de Flavinho e de Ciro são amigas - os casais são íntimos e compartilham seus bons momentos em contas fechadas no Instagram.
No segundo semestre do ano passado, Flavinho garantiu a Carlinhos que Ciro o ajudaria a convencer Roberto Dias, então o homem do centrão no Ministério da Saúde, a aumentar os valores repassados pela pasta à VTCLog. Flavinho não traiu a palavra. Deu certo.
Por coincidência, as conversas de Flavinho com Ciro deram-se em período de tempo semelhante às negociações para a indicação e aprovação do nome de Kassio ao Supremo. Ciro foi o principal defensor de seu conterrâneo Kassio no Senado - o então desembargador do TRF-1 encontrou-se com advogados próximos ao centrão e ao PP para apresentar sua candidatura a Flávio Bolsonaro. Os mesmos advogados mantêm excelente relação com Carlinhos e seus aliados.
Há semanas, a pedido da CPI, o COAF detalhou cerca de R$ 117 milhões, nos últimos dois anos, em transações atípicas associadas à VTCLog e a pessoas relacionadas à rede de empresas de Carlinhos. (Embora sua funcionária de confiança Andreia Lima se apresente como "CEO", Carlinhos é o dono do negócio.) A VTCLog nega quaisquer irregularidades.
A sequência subsequente de eventos demonstra a competência da equipe jurídica a serviço de Carlinhos. Uma desembargadora do TJ-DF censurou matéria do jornal "O Globo" acerca dos achados do relatório do COAF a respeito da empresa. Semana passada, Dias Toffoli restringiu as quebras de sigilo do grupo e suspendeu as de seus dirigentes. No Supremo, a VTCLog e seus diretores foram representados oficialmente pelo ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, do escritório Aragão & Tomaz - Tomaz de Willer Tomaz, advogado mais influente do centrão, que chegou a ser preso na Lava Jato e hoje é o principal causídico de Arthur Lira. Por fim, mas não menos relevante, reitere-se que ontem Kassio liberou o motoboy do depoimento na CPI.
A decisão de Kassio sobre o motoboy acontece pouco mais de uma semana após o voto dele a favor de Ciro, em decisão da Segunda Turma do Supremo que rejeitou denúncia por obstrução de Justiça contra o ministro da Casa Civil. A PGR acusava o senador de tentar comprar o silêncio de uma testemunha e, também, de ameaçar a vida dela. O voto de Kassio incomodou alguns de seus colegas no Supremo, como o Bastidor revelou.
"Nosso Kassio", como já definiu o próprio Ciro publicamente, optou por não se declarar suspeito nesse julgamento.
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