O círculo de Prates

Brenno Grillo
Publicada em 04/04/2024 às 19:00
Prates procurou proteção com amigos, sindicalistas e com pessoas indicadas por outros petistas Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Fritado desde que assumiu a presidência da Petrobras, Jean Paul Prates se cercou de amigos pessoais, sindicalistas e de petistas em busca de blindagem. O jogo deu certo por algum tempo, mas as circunstâncias e os ataques atingiram um nível crítico nos últimos dias.

O círculo de proteção de Prates é extenso. Gerente-executivo de segurança corporativa da Petrobras, o ex-policial federal José Hilário fez parte grupo de trabalho da União que elaborou os projetos para as candidaturas do Brasil como sede Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Em 2006, Hilário era chefe da Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, quando se envolveu no escândalo dos aloprados, a compra frustrada de um dossiê contra o então candidato tucano à Presidência, José Serra, em 2006. Ele recebeu seis ligações do agente aposentado da PF Gedimar Passos, preso com R$ 1,7 milhão que seriam usados para comprar o documento.

Prates escolheu outro petista, Robson Leite, como gerente da escola de negócios da Universidade Petrobras. Ele é ligado ao partido no Rio de Janeiro e ao ex-deputado estadual André Ceciliano, hoje assessor de Alexandre Padilha na Secretaria de Relações Institucionais.

João Bosco Crema Filho, diretor no plano de saúde da Petrobras, é outro que chegou via PT. Foi indicado pelo grupo de Rui Costa, ministro da Casa Civil. No governo da Bahia, foi coordenador técnico de assistência à saúde do servidor e é sócio da JBC Filho Construtora e Incorporadora Ltda.

José Maria Rangel, gerente-executivo de responsabilidade social, ganhou seu cargo pelo bom trânsito entre o PT e o sindicalismo. Tentou unir os dois ao se candidatar a deputado federal pelo PT em 2022. Apesar da força dentro do Sindipetro Norte Fluminense, não foi eleito.

Mas não ficou muito tempo desempregado. Integrou a equipe de Prates durante a transição de governo, no grupo ligado a Petróleo e Gás. Representou, em 2011, os funcionários da Petrobras no conselho de administração.

William França, diretor de refino da Petrobras indicado pela Federação Única dos Petroleiros, foi alvo de sindicância suspeito de cogitar fabricar uma greve para justificar investimentos de R$ 500 milhões da Petrobras na fabricante de fertilizantes Unigel. Seu celular foi apreendido junto com o do CFO Sergio Caetano Leite numa auditoria interna.

Como já mostrou o Bastidor, Sérgio Caetano Leite foi sócio de Prates na Expetro, uma das empresas ligadas ao presidente da Petrobras no setor de óleo e gás. Com história na Transpetro, França assumiu, em setembro do ano passado, a presidência do conselho da subsidiária. Seu mandato vai até novembro deste ano. Durante a primeira dinastia do PT, ele ocupou cargos importantes na companhia de transporte de combustíveis. Presidiu a subsidiária da empresa no Pará, a Transbel.

O gerente de segurança patrimonial Jairo Batista Silva Santos deixou a coordenação do Sindipetro da Bahia para assumir o cargo. Já processou, com Eugênio de Aragão como advogado, o almirante de esquadra Eduardo Bacellar, ex-presidente do Conselho de Administração da Petrobras, por conta da venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), no Rio Grande do Norte.

Ainda na área de segurança, o gerente Leonardo de Souza Urpia saiu de licença sindical rumo à Petrobras. Foi diretor de comunicação, secretario de assuntos jurídicos e vice-presidente de Sindipetro, CUT e FUP, respectivamente. É um dos maiores defensores da compra da Torre Pituba pela Petrobras. Os gastos com o prédio, usado como sede da empresa na Bahia, foram investigados na Lava Jato.

Outro que pediu licença sindical para assumir um cargo na Petrobras foi Rafael Crespo, gerente no plano de saúde da companhia. Ele deixou o Sindipetro Norte Fluminense após longa história no sindicalismo.

Crespo foi conselheiro fiscal da FUP, além de coordenador de comunicação e conselheiro administrativo do Sindipetro-NF. Foi presidente do diretório do PT em Campos de Goytacazes (RJ) em 2017.

Somos amigos

Nem só de sindicalismo vive um presidente da Petrobras indicado pelo PT. Prates também trouxe seus amigos para trabalhar na companhia. Carlos Augusto Barreto, gerente-executivo de tecnologia da empresa, estudou com o ex-senador no Colégio São Bento, no Rio.

Antônio Felipe Flutt, gerente-geral da Universidade Petrobras, também é próximo de Prates. Diz ser consultor sênior da Petrobras desde 2002. É sócio em duas assessorias voltadas ao setor educacional, a LAF e a Colaf assessoria educacional.

O consultor da presidência Cláudio Pinho é antigo conhecido do petista. Advogado do setor de Petróleo e Gás, frequentemente é procurado por empresas e advogados para tratar de regulação no setor.

Em 2021, a Polícia Federal pediu a prisão de Pinho, acusado de endossar o pagamento de 750 mil reais em propina a desembargadores e um juiz de Goiás, no caso do padre Robson de Oliveira, acusado de desviar recursos de obras de caridade e praticar lavagem de dinheiro.

Empresa que captou dinheiro para o 1º de maio omitiu que o evento tinha ligação com sindicatos.

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