A mágica da Amil
A Amil conseguiu reduzir sua taxa de sinistralidade em 25 pontos num intervalo de um ano, de acordo com um relatório do Itaú BBA. O indicador da operadora caiu de 103,7% para 78,7% nesse período.
A sinistralidade é um indicador que mede a relação entre os valores pagos pelos usuários de planos de saúde e os custos dos procedimentos realizados. Ela é um dos principais fatores que explicam o desempenho das operadoras de saúde.
O resultado alcançado pela Amil, operadora de José Seripieri Filho, o Junior, chamou a atenção de especialistas. O mesmo relatório aponta que a taxa de sinistralidade do setor no segundo trimestre ficou em 85,1%, o que representa uma melhora de 3,6 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Ou seja, além de recuperar seu indicador, a Amil conseguiu atingir um percentual inferior à média do mercado.
A receita para tamanho sucesso? Junior não revela.
O Bastidor procurou a Amil, que disse que “não vai comentar”.
Segundo o presidente do Instituto Segurado Seguro, Sandro Raymundo, não há uma receita para reduzir este índice, que “resulta principalmente da recomposição das mensalidades dos planos quando comparada à variação das despesas”. No entanto, diz Raymundo que causa estranheza a empresa não querer falar da melhoria dos seus números. “As operadoras de saúde não podem simplesmente repassar essa sinistralidade ao beneficiário através de reajuste das mensalidades. Se houve uma melhora nesse patamar, é porque, em tese, deve ter melhorado sua gestão. Essa informação poderia ser, inclusive, utilizada como publicidade”, afirma Raymundo.
Enquanto o índice de sinistralidade da Amil reduz, desde agosto suas redes sociais estão com comentários fechados após enxurrada de críticas. Neste ano, a operadora foi uma das 20 notificadas pela Senacon por estar rescindindo contratos de forma unilateral.
Diante da falta de transparência, Raymundo não descarta a possibilidade desse número ter melhorado em razão do descredenciamento de usuários, negativas de autorização em procedimentos, assim como de reembolsos.
No ranking de reclamações feitas na Agência Nacional de Saúde Suplementar, a Amil está em 4ª lugar, ficando atrás apenas do Bradesco Saúde, Unimed RJ e NotreDame. Dados da Secretaria Nacional do Consumidor revelam que a maior parte das queixas registradas no consumidor.gov é sobre demandas não resolvidas, reembolsos e negativa de cobertura, principalmente devido a descredenciamento na rede.
A Amil foi comprada em dezembro de 2023 por 11 bilhões de reais pelo empresário José Seripieri Filho, o Junior, que fundou a Qualicorp e a Qsaúde. A operação ficou conhecida como o maior M&A (operação de fusão e aquisição) realizada por uma pessoa física sozinha na história do Brasil. Na negociação, Junior pagou 2 bilhões de reais e assumiu passivos de cerca de 9 bilhões.
Questionada, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) disse que "não comenta sobre análises de dados específicos de uma operadora".
NOTA DA ANS
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) esclarece que não comenta sobre análises de dados específicos de uma operadora.
Vale destacar que as informações apresentadas no Painel Econômico-Financeiro no portal da Agência - onde podem ser verificados indicadores como a sinistralidade por operadora - são enviadas pelas próprias operadoras. Assim, questionamentos quanto a análises individuais de resultados das operadoras devem ser direcionados diretamente a elas.
Veja a íntegra do relatório do Itaú BBA:
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