A influência de Rubens Ometto
Fraco ele nunca foi, mas está difícil superar a influência de Rubens Ometto em Brasília. Ometto avança velozmente para se tornar o maior empresário do setor de energia e gás do país. Seu conglomerado inclui usinas de açúcar e etanol, empresas de distribuição de combustível e operações de logística. Recentemente, o bilionário construiu um gasoduto. Está prestes a virar o terceiro maior acionista da Vale.
Conforme Ometto expande seus negócios, expande igualmente seu prestígio na capital da República. E não apenas no governo e no Congresso. Ometto e seus executivos constroem relações cada vez mais fortes, embora discretas, com ministros dos tribunais superiores - sobretudo no STJ e no Supremo. Essa vasta rede de influência é necessária para impedir canetadas estatais que atrapalhem a consolidação do seu império.
O aspecto público da força política de Ometto se expressa no fato de que o empresário é o principal doador oficial de campanhas eleitorais no Brasil. Investiu 7,4 milhões de reais em candidatos neste ano. Em 2018, gastara 7,5 milhões de reais. A maioria das doações destinaram-se a candidatos ligados a Jair Bolsonaro, de quem Ometto foi entusiasta.
Ainda na pré-campanha, Ometto reaproximou-se de Lula. Ele prosperou nos governos do PT. Muitos já esqueceram, mas Ometto doou 4,4 milhões ao partido na campanha de 2010. Segundo Antônio Palocci, o pagamento foi feito em parceria com Marcelo Odebrecht e Benjamin Steinbruch, da CSN. Era, disse Palocci, uma contrapartida pelo chamado Refis da crise, por meio do qual grandes exportadores, como Ometto, obtiveram perdão bilionário para as suas dívidas tributárias. (As suspeitas nunca foram investigadas.)
Em Brasília, Ometto exibe uma extensa lista de êxitos. Conseguiu que o Cade aprovasse a venda da participação da Petrobras na Gaspetro à Compass, empresa de gás do bilionário. Também espera que o órgão aprove a compra de uma distribuidora de combustível no Nordeste e a participação acionária na Vale. Diante dos sucessos recentes e da força do empresário junto ao novo governo, aliados de Ometto não temem as análises do Cade a partir de 2023.
O mesmo vale para os tribunais superiores. No Judiciário, Ometto acumula, direta ou indiretamente, vitórias expressivas e cotidianas. Uma delas ocorreu no STJ, em 2017. Num ato inédito, a corte não reconheceu a validade de uma sentença arbitral dos Estados Unidos. Ela obrigava uma empresa de um primo de Ometto a indenizar em cerca de 100 milhões de dólares uma empresa espanhola que se dizia lesada num negócio no Brasil. O relator do caso no STJ, ministro Félix Fischer, votou contra Ometto. Mas o ministro João Otávio de Noronha discordou. Votou a favor da empresa da família de Ometto, no que foi seguido por colegas. Depois, o Supremo confirmou a decisão do STJ.
Em breve, o mesmo STJ será provocado a analisar um caso em que a Raízen (Shell), distribuidora de combustível de Ometto, foi condenada em segunda instância por vender etanol batizado a postos. A empresa de Ometto foi multada em 2 milhões de reais pela Agência Nacional do Petróleo. Embora a Raízen tenha alegado nos autos que foi vítima de uma usina, o desembargadores que julgaram o caso no Tribunal Regional Federal da Segunda Região discordaram. Mantiveram a punição.
Esse e outros tantos julgamentos que envolvem os negócios de Ometto correrão nos tribunais superiores em meio a dúvidas acerca da natureza da relação do empresário com os ministros. Ometto patrocinou, por meio da Cosan, o controverso evento do Lide de João Doria em Nova York; o encontro reuniu ministros do Supremo e empresários. O próprio Ometto participou de um dos painéis.
Dois ministros do STJ ouvidos pelo Bastidor, por exemplo, falam com admiração sobre Ometto. Dizem que as empreitadas dele são importantes para o desenvolvimento do Brasil. A aparente proximidade do empresário com alguns desses ministros levanta dúvidas quanto ao tratamento que as causas de interesse de Ometto receberão nos tribunais superiores.
No que depender da cúpula dos três Poderes, tudo indica, portanto, que Ometto não encontrará obstáculos para se consagrar como o principal empresário do setor de energia do país.
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