“O que não pode ser nomeado”: como a imprensa russa está cobrindo a guerra

Samuel Nunes
Publicada em 07/03/2022 às 17:15
Foto: Mikhail Metzel/POOL/TASS

Os veículos jornalísticos na Rússia estão tentando se adaptar para evitar as sanções que sofrem do governo local desde o início da guerra na Ucrânia. Uma lei aprovada pelo parlamento russo na última semana prevê pena de até 15 anos de prisão aos jornalistas que utilizarem os termos “guerra” e “invasão” ao se referirem aos eventos que acontecem no território ucraniano. 

Em vez desses termos, os veículos devem se referir à guerra usando o termo “operações especiais”, além de garantir que a versão do Kremlin seja difundida, mesmo que absurda.

O jornal Novaya Gazeta, dirigido pelo ganhador do Nobel, Dmitri Muvarov, afirmou na semana passada que apagaria conteúdos que pudessem gerar punição e tentaria cobrir os eventos de outra forma. A decisão foi tomada depois de consultar os leitores, que pediram a manutenção das atividades, ainda que seja sob censura.

Ao noticiar um protesto em 65 cidades no último domingo, o jornal referiu-se à guerra como “aquilo que não pode ser nomeado”. Em uma das reportagens, a publicação mostra o relato de mulheres que foram presas pela polícia russa por participarem de atos contra as hostilidades do país na Ucrânia. 

Elas contaram ao jornal que os policiais as chamaram de “cadelas, prostitutas baratas”. Segundo a apuração do jornal, mais de 3 mil pessoas foram presas nos atos pela paz. 

Ao usar o termo alternativo à palavra “guerra”, o jornal lembrou os leitores que fez isso “sob a ameaça de protesto criminal de jornalistas e o fechamento da mídia”. 

A Novaya Gazeta é um dos poucos veículos independentes que sobraram no país depois do endurecimento do regime de Vladimir Putin. Empresas estrangeiras que atuavam no país também cessaram as atividades. O principal exemplo foi a BBC, considerada como inimiga pelo governo local.

O site Moscow Times, que produz notícias sobre a Rússia em inglês adotou o novo termo considerado correto pelo governo para se referir a guerra, mas só o utiliza entre aspas, como forma de protesto. O veículo informou nesta segunda-feira que mais de 150 jornalistas já deixaram o país, em busca de segurança.

Ainda de acordo com o Moscow Times, o número de cidadãos que começou a baixar aplicativos de VPN aumentou 2.691% nos últimos dias. Com esses programas, é possível acessar sites bloqueados pelo governo e evitar o rastreamento das conexões.

Direto da Letônia

Um dos sites mais críticos ao governo de Putin é o Meduza. O portal reúne notícias sobre todos os países da antiga União Soviética. No caso da guerra contra a Ucrânia, a publicação não mudou o tom. Isso porque o site está registrado fora do domínio do governo russo, na Letônia.

No dia 3, quando o governo decidiu instaurar a censura, o site lançou um forte editorial em que critica a medida e lembra que a constituição russa proíbe a repressão aos meios de comunicação. 

“Pelos padrões atuais, a censura pode não parecer um crime tão sério – especialmente se comparado ao assassinato de cidadãos ucranianos. Mas a destruição da mídia independente foi uma das coisas que possibilitaram essa guerra”, escreveram os editores do jornal, criticando o controle cada vez maior que Putin vinha implementando na mídia nos últimos anos.

Estrangeiros atingidos

A emissora britânica encerrou as atividades na Rússia, mas retomou as transmissões de rádio via ondas curtas. O objetivo é alcançar territórios mais afastados. Com o avanço da tecnologia, a BBC havia aposentado as transmissões nessa faixa de frequência há 14 anos. A medida irritou ainda mais Putin, já que agora o sinal da rádio pode ser ouvido em parte do país, mesmo sendo produzido a centenas de quilômetros da fronteira.

No fim da última semana, as redes americanas CNN, Bloomberg, ABC e CBS informaram que deixariam de transmitir notícias a partir de Moscou, para evitar a prisão dos próprios jornalistas que estão no país. Até mesmo jornalistas russos foram obrigados a fugir do país para não serem detidos.

O governo bloqueou o acesso a dezenas de sites do exterior, incluindo a Rádio Free Europe/Radio Liberty, acusando o veículo de transmitir informações falsas sobre a guerra. 

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