O dilema da popularidade
A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (10) é positiva para o governo Lula. Tanto no atacado, quanto no varejo, a popularidade do presidente subiu e a avaliação da sua gestão pela população melhorou. Ao mesmo tempo, há um dilema sobre a sustentabilidade disso.
A alta da popularidade do presidente está relacionada a o quanto ele bateu nos juros altos e no mercado financeiro. Mas suas palavras também levaram à alta do dólar, que pode causar mais inflação - e inflação é algo que prejudica sua popularidade, como também mostra a pesquisa. Não é um dilema fácil de solucionar.
Nos números mais gerais, a aprovação do trabalho do presidente subiu de 50% para 54% de maio para julho e a desaprovação recuou de 47% para 43%. A avaliação positiva do governo subiu de 33% para 36% e a negativa caiu de 33% para 30%.
No varejo, a avaliação positiva de Lula e do governo melhoraram até em grupos mais refratários, como evangélicos, pessoas com ensino superior incompleto ou completo e habitantes das regiões Norte e Centro-Oeste.
Por este aspecto, a estratégia do Palácio do Planalto em junho funcionou. A Secretaria de Comunicação da Presidência tinha pesquisas que mostravam que, quando Lula fala agressivamente contra os juros e bate nos ricos contra os pobres, sua popularidade sobe.
Por isso, durante duas semanas, Lula deu seguidas entrevistas a rádios do interior do país e em veículos de comunicação de alcance nacional, nas quais bateu sem dó no mercado financeiro e no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por causa da taxa de juros, que considera alta. Deu certo: a popularidade subiu, como o governo queria e precisava.
O dilema na pesquisa Quaest é que, apesar de a maioria dos entrevistados achar que os juros estão altos (87%) e se sentir bem quando Lula fala sobre isso, há também uma forte rejeição a uma sensação de inflação que está mais presente este ano devido ao aumento dos preços dos alimentos.
O índice de entrevistados que diz que a economia piorou caiu pouco, de 38% para 36%, e os que dizem que melhorou variou de 27% para 28% - ou seja, praticamente nada mudou. A maioria acha que a vida está mais cara que há um ano – 63% agora contra 67% em maio, que suas contas de água e luz subiram. A inflação incomoda muito e a população culpa o governo por isso.
O dilema está posto: ao bater nos juros altos, Lula é aprovado e sua popularidade sobe. Só que suas palavras tem efeitos reais na economia, tanto que provocaram uma alta de mais de 7% do dólar no mês – e dólar mais caro gera alta nos preços e na inflação, que incomoda os brasileiros e resulta em avaliação negativa do governo e queda na popularidade mais à frente.
Em resumo, ao bater nos juros e no Banco Central, Lula alimenta sua popularidade no curto prazo de um lado, mas a limita do outro, no médio prazo.
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