A operação de influência contra Bolsonaro

Samuel Nunes
Publicada em 01/09/2022 às 17:54
Sites apócrifos com registros semelhantes apontam indícios de que há um grupo organizado para atrapalhar Bolsonaro Foto: Reprodução

Nos últimos dias, pelo menos quatro sites com críticas a Jair Bolsonaro viralizaram nas redes sociais. Três deles parecem integrar uma ampla campanha coordenada contra o candidato à reeleição. Trata-se de uma operação de influência digital promovida com inteligência estratégica, sofisticação tecnológica e conteúdo tecnicamente impecável. Tudo indica ser um trabalho de profissionais.

Os sites são: “Bolsoflix”, “Mulheres com Bolsonaro?” e “Tira voto do Jair”. Os nomes dos criadores não estão disponíveis. O conteúdo é basicamente apócrifo. Reúne conteúdo com críticas e ataques a Bolsonaro - diferente da página bolsonaro.com.br, cujo dono do domínio deixou nome completo e e-mail.

Dados rastreados pelo Bastidor apontam que os responsáveis pela campanha compraram os três domínios pela Njalla, um serviço sueco usado por hackers e entusiastas de privacidade. A empresa é incorporada em São Cristóvão e Nevis, um arquipélago no Caribe. Oferece alto grau de anonimato. Vende domínios (nomes de site) e os hospeda em servidores próprios. É possível realizar o registro pagando com criptomoedas, como Bitcoin, Ethereum, Litecoin e Monero. Essa última é frequentemente associada à lavagem de dinheiro.

O uso da Njalla permite que os donos das páginas possam permanecer completamente anônimos. Dessa forma, o registro em São Cristóvão e Nevis serve apenas como fachada, para ocultar a origem das páginas. Foi o que fizeram os responsáveis pela campanha coordenada - por isso alguns pensaram que os sites haviam sido registrados, de fato, no Caribe.

O código das páginas é bastante semelhante. As três foram criadas com o mesmo instrumento de construção de sites e compartilham arquitetura parecida. É como se fossem três apartamentos com a mesma planta, no mesmo edifício. O que muda são os móveis em cada um - o conteúdo. São sites feitos para engajar e ensinar a engajar. Oferecem dezenas de links externos e uma quantidade razoável de texto e elementos gráficos. O teor das páginas, e a qualidade técnica que se vê em todos os aspectos do projeto, sugere fortemente um trabalho caro e de uma equipe multidisciplinar.

Os sites “Bolsoflix” e a “Tira voto do Jair” aparecem no primeiro resultado de buscas do Google, o que indica bom trabalho de SEO (Search Engine Optimization), técnica usada por programadores para ampliar o alcance das páginas. O trabalho de programação nos três sites leva a crer que estão ligados a grupos profissionais e não a amadores ou amigos que se opõem a Bolsonaro.

Também é possível notar estratégias semelhantes de conteúdo e design. Todas as páginas têm links para grupos de WhatsApp e Telegram, para obter engajamento com a disseminação de mais conteúdo.

Nos últimos anos, as principais redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter criaram ferramentas para diminuir a propagação de conteúdo falso, depreciativo e apócrifo sobre política. As medidas ainda são incipientes e falhas, mas apresentam algum resultado.

Já o uso de redes de mensagens, como o Telegram e o WhatsApp, é mais difícil de ser controlado. Essas plataformas utilizam criptografia de ponta a ponta e dependem de denúncias para que um conteúdo seja removido. 

Nos grupos de WhatsApp das três páginas, os telefones que constam como administradores são todos dos Estados Unidos, mas não há nenhum indicativo de que as pessoas ou robôs por trás do envio dessas mensagens estejam mesmo em território norte-americano.

A campanha de Bolsonaro já abriu um processo para tentar retirar do ar o site Bolsonaro.com.br, mas não há informação de que tenha agido contra as demais páginas - o que será tecnicamente difícil, visto que, caso decida derrubá-las, a Justiça precisará convencer os donos da Njalla e, antes, o governo sueco. A ação está com a ministra Cármen Lúcia, no Tribunal Superior Eleitoral.

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