A política externa do atraso
Há cerca de um ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou intervir, sem o menor sucesso, no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. À época, cometeu gafes e foi criticado por líderes mundiais de todos os lados do conflito. A lição, porém, não foi bem compreendida. Neste fim de semana, durante a primeira viagem internacional deste ano, o petista insiste em se calar diante de arbitrariedades e emitir opiniões sem embasamento, levando o país à vergonha internacional de novo.
Neste domingo, Lula comparou o ataque israelense à Faixa de Gaza às atrocidades cometidas por Adolf Hitler durante o Holocausto. "Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", disse.
A fala do presidente encontra eco nos movimentos de esquerda do Brasil e, principalmente, dentro do PT. Entretanto, a resposta desproporcional do governo israelense aos ataques terroristas de outubro de 2023, cometidos pelo Hamas, não se compara, até por definição, ao mal absoluto que se viu na Alemanha nazista contra os judeus - pelo menos 6 milhões de judeus foram dizimados de modo sistemático, coordenado e brutal.
Também houve críticas de Lula ao Hamas, mas a forma como a comparação foi feita insultou boa parte da comunidade judaica não só no Brasil, mas ao redor do mundo.
A falta de proporcionalidade e de posicionamento firme nos discursos internacionais de Lula tem sido frequente desde que ele retornou ao Palácio do Planalto. Curiosamente, essa era uma das principais críticas que petistas faziam ao antecessor, Jair Bolsonaro, que, no cenário da diplomacia, se aproximava de alguns dos regimes mais cruéis do mundo, como o de Belarus, por exemplo.
Quando se posicionou contra a guerra da Ucrânia, Lula afirmou que o governo de Volodymyr Zelensky também teria uma parcela de culpa na motivação russa de invadir o país vizinho, em um conflito que já deixou centenas de milhares de mortos, em ambos os lados.
Por outro lado, em vez de pedir uma apuração isenta sobre a morte do ativista Alexei Navalny, principal opositor de Vladimir Putin, o presidente brasileiro preferiu amenizar o tom e esperar que os laudos do governo russo expliquem o que aconteceu, ainda que a família dele e a comunidade internacional duvidem da imparcialidade da polícia local.
No cenário regional, não tem sido diferente. O período no qual Lula passou comandando o Mercosul, no segundo semestre de 2023, ficará marcado pelo pouco avanço e pela quase ruptura do bloco, que só não acabou de vez porque os vizinhos sabem que ainda precisam mais do Brasil do que o contrário. Apesar do apoio recebido do presidente francês, Emmanuel Macron, no período das eleições, o petista tem visto o país europeu trabalhando cada vez mais firme contra o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
Além disso, o governo brasileiro não conseguiu evitar que Nicolás Maduro avançasse ainda mais na repressão violenta aos opositores do regime venezuelano, tampouco se colocou de forma firme a favor de um processo eleitoral justo, neste ano. Isso sem contar as ameaças à Guiana, que ainda não se encerraram, embora o tom tenha baixado.
As constantes gafes da diplomacia brasileira contrastam com o período em que Lula era visto como "o cara", nas palavras de Barack Obama, então presidente dos Estados Unidos.O tom messiânico do presidente, que defende mudanças no Conselho de Segurança da ONU, o perdão das dívidas dos países africanos, o fim de todas as guerras e uma política ambiental séria contrasta com a leniência a ditaduras corruptas e à violência perpetrada por governos "amigos".
No mundo atual, programas revolucionários como o Fome Zero já não são mais suficientes para convencer a comunidade internacional de que o Brasil pode ser, de alguma forma, o mediador para uma sociedade mais igualitária.
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