Os candidatos mais fortes ao STJ

Diego Escosteguy
Publicada em 11/05/2022 às 16:45
Foto: Folhapress

Finalmente formada a lista quádrupla para as duas vagas abertas no Superior Tribunal de Justiça, inicia-se a segunda e última etapa decisiva para entrar na corte. Agora, os candidatos finalistas - e especialmente seus padrinhos - precisam trabalhar para convencer o presidente Jair Bolsonaro, a quem cabe escolher os dois nomes.

Por ora, dois candidatos estão melhor posicionados, segundo ministros dos tribunais superiores, articuladores das campanhas e operadores jurídicos do Planalto: Paulo Sérgio Domingues e Messod Azulay.

Paulo Sérgio, do TRF3, tem apoio do ministro Antonio Carlos Ferreira e de Dias Toffoli, entre outros nomes de peso do Judiciário paulista. A próxima presidente do STJ, ministra Maria Thereza Moura, também tem afinidade com Paulo Sérgio - ele poderia colaborar, portanto, na interlocução entre o STJ e o Planalto. A escolha de Paulo Sérgio ajudaria Bolsonaro a ganhar espaço numa comunidade mais próxima ao PT de Lula.

Messod Azulay, presidente do TRF2, é apadrinhado dos ministros fluminenses do STJ, liderados por Luis Felipe Salomão e Benedito Gonçalves. A família Bolsonaro gosta de ambos, apesar da atuação de Salomão no TSE. O presidente fincaria um nome em seu estado natal.

Os outros dois nomes enfrentam resistências no Planalto - e não é de hoje. Fernando Quadros, do TRF4, tem ligação com Edson Fachin, adversário do presidente, e integra um tribunal classificado de "lavajatista" por advogados de Bolsonaro. De acordo com interlocutores do presidente, tem "chance zero" de ser nomeado.

O caso de Ney Bello, do TRF1, é especial. Ele trabalha há anos para ser ministro do STJ e, no governo Bolsonaro, aproximou-se bastante de aliados do presidente, como o advogado Frederick Wassef. Concedeu decisões que agradaram o Planalto. Tem apoio de Gilmar Mendes e força em setores do STJ.

Apesar dessas virtudes políticas (para quem quer ser escolhido), Ney Bello precisará de uma intensa articulação para garantir uma das duas vagas. Ele já foi muito próximo do PT, é amigo de Flávio Dino e chegou a escrever um artigo no site Vermelho, do PCdoB. Esses fatos já foram explorados por adversários junto ao Planalto. Serão novamente.

Além disso, Ney Bello tem um adversário de peso: Kassio. A não ser que o desembargador e seus aliados consigam quebrar a antipatia de Kassio, Ney terá que superar a influência do ministro mais influente junto a Bolsonaro.

Por fim, as tratativas de Ney precisam envolver argumentos que demonstrem por que o desembargador é uma opção melhor para o presidente do que Paulo Sérgio ou Azulay. É uma missão difícil, embora esteja longe de ser impossível.

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