O grampo do Youssef

Karen Couto
Publicada em 21/11/2024 às 14:34
Há 10 anos o doleiro Alberto Youssef buscava ter acesso aos arquivos que comprovariam a interceptação ilegal Foto: Alan Marques/Folhapress

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, retirou o sigilo de todo material relacionado a um grampo ilegal mantido na cela ocupada pelo doleiro Alberto Youssef na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, entre 14 e 28 de março de 2014, início da operação Lava Jato.

O grampo captou conversas de Youssef e de pessoas que o visitavam. Segundo Toffoli, o equipamento foi usado de forma irregular pela Polícia Federal. O Ministério Público Federal arquivou o caso, alegando falta de provas contra os policiais envolvidos.

A decisão de Toffoli atende a um pedido da defesa de Alberto Youssef para apurar uma suspeita de interferência do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) no caso. A defesa argumenta que os áudios captados pela escuta ficaram armazenados na secretaria da 13ª Vara Federal de Curitiba. O HD contendo as gravações teria sido “estranhamente” mantido em sigilo, sem conhecimento dos juízes que sucederam Moro, segundo os advogados do doleiro.

A atitude desta quinta-feira (21) contrasta com os métodos usuais do ministro Toffoli, que costuma manter sigilo nas ações que relata.

Por outro lado, a decisão segue a tendência de Toffoli de desmantelar o que foi feito pela Lava Jato. Em 2023, o ministro ampliou uma decisão de 2021 do então ministro Ricardo Lewandowski e tornou inválidas as provas obtidas a partir do acordo de leniência da Odebrecht e dos sistemas da empresa que gerenciavam o pagamento de propina.

Com base nesta decisão de Toffoli, desde então grande parte dos condenados pela Lava Jato tem conseguido anular suas penas.

Toffoli atendeu a outro pedido da defesa de Youssef e mandou notificar oito órgãos federais sobre a liberação do material: Procuradoria-Geral da República (PGR), Corregedoria Nacional de Justiça, Advocacia Geral da União (AGU), Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério da Justiça, Diretoria Geral da Polícia Federal e a Presidência do Congresso.

Youssef foi o segundo preso a formalizar acordo de colaboração com a Lava Jato, ainda em 2014. O objetivo da sua defesa é usar o grampo ilegal para anular condenações. O levantamento do sigilo pode repercutir diretamente em outros casos, a exemplo de André Catão, Nelma Kodama, Carlos Alberto Pereira da Costa e Carlos Alexandre de Souza Rocha. Todos passaram pela mesma cela à época.

Veterano na ilegalidade, Alberto Youssef foi condenado a mais de 100 anos de prisão por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Por ter assinado acordo de delação premiada, sua pena foi reduzida e ficou detido entre 2014 e 2017. Voltou a ser preso no ano passado por não cumprir os termos do acordo.

O senador Sérgio Moro disse em seu perfil no X que o caso se trata de um "revisionismo histórico".

Leia a íntegra da decisão de Toffoli

Culpado por tabela

18/06/2025 às 19:29

Costa Câmara é preso por conversa do seu advogado com Mauro Cid; que passou ileso por Moraes

Leia Mais

Suprema segurança

18/06/2025 às 19:07

Por unanimidade, ministros do STF concedem proteção vitalícia a ex-integrantes da corte

Leia Mais

Direita trava votação de acordo de extradição com a Argentina, que pode atingir fugitivos

Leia Mais

A bronca em Motta

18/06/2025 às 15:00

Colegas disseram ele parecia mais um integrante do governo do que presidente da Câmara

Leia Mais
Exclusivo

O dossiê da Abin

18/06/2025 às 12:00

PF indicia corregedor por produzir informações contra antecessora e tentar desviar investigação

Leia Mais

2ª Turma do Supremo Tribunal Federal mantém decisão contra doleiro investigado pela Lava Jato

Leia Mais
Exclusivo

Conversa a sós na Abin

18/06/2025 às 00:48

Encontro de diretor da Abin com Ramagem tratou sobre operação secreta em favelas do Rio, diz PF

Leia Mais

Comissão para investigar fraude de 6,3 bilhões de reais no INSS começa no segundo semestre

Leia Mais

Aneel deixa empresa adiar contabilização de 1,4 bilhão, que daria maior desconto na tarifa

Leia Mais

Elmar quer o TCU

17/06/2025 às 19:33

Deputado exige vaga que estava destinada ao PT após acordo firmado com Hugo Motta

Leia Mais

Foz explorada

17/06/2025 às 16:52

Extração no rio Amazonas será feita em 19 pontos, por Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC

Leia Mais

OAB abre caminho para colocar o ex-juiz da Lava Jato Marcelo Bretas na lista dos inaptos à advocacia

Leia Mais

Vazou, pagou

17/06/2025 às 15:38

Dona do WhatsApp é punida por Justiça mineira devido a vazamento de dados de usuários

Leia Mais

Ministro Dias Toffoli dá chance ao governo de negociar ressarcimento aos aposentados roubados

Leia Mais

Frente a frente

17/06/2025 às 13:08

Moraes autoriza acareação entre Mauro Cid e Braga Netto sobre episódio de entrega de dinheiro

Leia Mais