Livre, idoso e solto

Redação
Publicada em 21/05/2024 às 18:00
Zé Dirceu se valeu do tempo para escapar de condenação da Lava Jato. Foto: Bruno Santos/Folhapress

José Dirceu conseguiu fugir de uma condenação graças ao ao passar dos dias. Hoje, o Supremo Tribunal Federal anulou uma condenação do petista a mais de oito anos de prisão porque o tempo entre o crime (que ele não nega) e a denúncia foi maior do que a lei prevê, ainda mais que ele já era um senhor de 70 anos no momento da sentença.

Zé Dirceu era acusado de receber vantagens indevidas para facilitar contratos com a Petrobras durante as duas primeiras gestões de Lula (2003-2010). A empresa da ocasião foi a Apolo Tubulars, e o acordo foi assinado em 2009.

Em 2017, quando comandava a 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro condenou o petista a oito anos, 10 meses e 28 dias, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Dirceu foi acusado de ter usado o então diretor da Petrobras Renato Duque para solicitar, e receber, 2 milhões de reais desde assinatura do contrato até 2012.

O julgamento do petista na segunda turma foi retomado após pouco mais de dois anos. Votaram a favor de Dirceu Ricardo Lewandowski, Kassio Nunes Marques e Gilmar Mendes. Ficaram vencidos Edson Fachin e Cármen Lúcia. Foi do atual ministro da Justiça de Lula o entendimento que prevaleceu nesta terça-feira (21).

Lewandowski defendeu que a condenação de Dirceu era nula, apesar de comprovados os crimes, porque o delito aconteceu sete anos antes da apresentação da denúncia. Soma-se a isso o fato de o petista sido sentenciado após ter completado 70 anos, o que reduz pela metade o prazo da prescrição do crime.

Alguns meses se passaram entre a apresentação da denúncia pelo MPF, em junho 2016, e a decisão de Moro, de março do ano seguinte. Cenário totalmente contrário do encontrado no STF. O recurso de Dirceu tramitou por mais de quatro anos. Foi apresentado em fevereiro de 2020.

De lá pra cá, a ação teve muitas idas e vindas. Antes do STF, Dirceu recorreu ao Superior Tribunal de Justiça, que negou o pedido. Já no STF, Fachin foi escolhido relator por ser o ministro responsável pelos processos relacionados à operação Lava Jato. A princípio, ele negou a pretensão do petista, que acabou conseguindo um julgamento na segunda turma do STF.

A primeira tentativa de análise foi virtual, e quase não aconteceu, pois a defesa de Dirceu pediu que o processo não fosse julgado. O pedido foi negado por Fachin, que manteve o julgamento para junho de 2021, mas Lewandowski pediu que o caso fosse analisado presencialmente.

No plenário da segunda turma, já aberta a divergência favorável a Dirceu, Lewandowski perdia por 2 a 1. Fachin havia sido acompanhado por Cármen Lúcia, mas a ministra já havia migrado para a primeira turma da corte quando o julgamento recomeçou.

O substituto de Cármen na segunda turma, André Mendonça, pediu mais tempo para analisar o caso e descobriu tempos depois que não poderia votar nesse processo porque substituiu a ministra que já havia votado. Essa troca de cadeiras abriu a possibilidade de Kassio votar.

Fachin até protestou na sessão sobre o entendimento dos colegas. Apresentou diversos precedentes que mostravam haver jurisprudência considerando o crime de corrupção passiva um ato contínuo. Isso faria com que o prazo prescricional - que anula penas de crimes pelo passar do tempo - passasse a contar a partir de 2012, garantindo a validade da denúncia de 2016.

Mas de nada adiantou. Kassio e Gilmar usaram as próprias decisões da Lava Jato para justificar o entendimento aplicado para garantir a prescrição. Moro considerou que o crime foi cometido no momento da solicitação da vantagem ilegal, não na data do recebimento da contrapartida pela obtenção do contrato.

Segundo da defesa de Dirceu, o entendimento do hoje senador fundamentou a condenação por corrupção passiva na modalidade “solicitar”, fazendo com que o delito seja de consumação instantânea, concretizando-se durante o pedido de propina.

Desembargador do TJAL questiona ministro do STF sobre suspeição no caso Laginha

Leia Mais

Bolsonaro não consegue acesso a delação de Mauro Cid, o que ajuda em seu discurso de vítima

Leia Mais

Relator do PL que regula planos de saúde coletivos não pretende aliviar para as operadoras

Leia Mais
Exclusivo

Um cabo eleitoral na Secom

25/07/2024 às 06:00

Funcionário do Planalto é suspeito de usar perfil fake para criticar candidato do PL em Araraquara.

Leia Mais

SEI não…

24/07/2024 às 21:15

Possível ataque hacker paralisa sistemas de nove ministérios e órgãos federais

Leia Mais

Chega, Maduro

24/07/2024 às 20:59

Após ditador mentir sobre urnas, TSE desiste de enviar observadores à eleição na Venezuela

Leia Mais
Exclusivo

A juíza, o mediador e o sobrinho

24/07/2024 às 18:41

Juíza de vara empresarial de São Paulo nomeou em processos advogado que empregava seu sobrinho.

Leia Mais

Também no CNJ

24/07/2024 às 18:13

Após recorrer ao Supremo contra o TJAL no caso Laginha, Bermudes defende novos juízes da falência.

Leia Mais

A sorte acabou

24/07/2024 às 17:00

Empresário Paulo Guimarães, dono do Poupa Ganha e do Meio Norte, é condenado a 16 anos de prisão.

Leia Mais

Ao atacar urnas, ditador da Venezuela cria problemas para o governo Lula e constrange Bolsonaro

Leia Mais

Governo reformará presídio de Mossoró, de onde dois líderes do Comando Vermelho fugiram em fevereiro

Leia Mais

Interligados

24/07/2024 às 06:00

Patrocinada pelo BTG, a TMA Brasil expõe a proximidade entre quem atua na recuperação da Odebrecht

Leia Mais

JFPR não concedeu HC para Duque, que aguarda decisão do STF para saber se vai ou não para cadeia

Leia Mais

Alguns aliados se sentem abandonados pelo ministro do STJ, após disputas recentes por cargos

Leia Mais

Travou

23/07/2024 às 16:35

Governo multa Oi, Tim e Vivo em 5 milhões de reais por propaganda enganosa sobre serviço de 5G.

Leia Mais