Ganham força articulações para barrar André Mendonça

Diego Escosteguy
Publicada em 26/08/2021 às 06:00
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Ganham força, desde o fim da semana, as articulações em Brasília para impedir a nomeação de André Mendonça ao Supremo. Elas visam a fritar no Senado o ex-advogado-Geral da União, de modo a criar condições políticas à indicação presidencial de um novo candidato à vaga aberta no tribunal.

Davi Alcolumbre, ao se recusar a pautar a sabatina de Mendonça, é o senador que mais se expõe publicamente nessa operação. O presidente da CCJ, contudo, tem o apoio de uma coalizão política e jurídica ampla. Ela inclui chefes do centrão, o senador Flávio Bolsonaro e o advogado Frederick Wassef.

Desde janeiro, esse grupo, que até hoje não perdeu uma disputa de poder em Brasília, optou pelo presidente do STJ, Humberto Martins. Como plano B, a depender do cenário, havia Augusto Aras. Bolsonaro, porém, indicou Mendonça - sem compromisso de trabalhar com afinco pelo nome dele no Senado.

Esse contexto e a correlação de forças em ação para emplacar o próximo ministro do Supremo ajudam a explicar os obstáculos de Mendonça e a demora já desgastante para que o nome dele seja sabatinado. Demonstram, ainda, a força da articulação para que o substituto de Marco Aurélio tenha o mesmo perfil de Kassio.

Na terça à noite, logo após a recondução de Augusto Aras à PGR, alguns dos principais adversários de Mendonça conversaram e concluíram que a estratégia de isolar politicamente o indicado está funcionando.

Eles avaliaram que Mendonça, como previsto, cometeu erros ao tentar articular sua sabatina. O ex-AGU sondou aliados acerca da possibilidade de obter uma liminar no Supremo que obrigasse Alcolumbre a marcar o debate do seu nome. Buscou apoio entre integrantes da CCJ para forçar o senador a pautar a sabatina. E, por fim, mandou dizer, por interlocutores, que o Planalto retaliaria seus adversários. Pegou mal.

Ainda na noite de terça, as conversas entre os envolvidos multiplicaram-se. Os demais candidatos, açulados por Wassef e seus aliados, voltaram a se posicionar. Receberam um recado simples, ainda no começo da semana e reforçado desde então: Mendonça não será sabatinado e o presidente, cedo ou tarde, terá condições políticas de encaminhar um novo nome ao Senado - um nome que demonstre lealdade inequívoca a uma família em guerra com o Supremo.

Entre as promessas dos articuladores e a realidade política no Senado há uma distância. Caso Alcolumbre ponha em votação o nome de Mendonça, prevalece a tendência de que ele, ao cabo, seja aprovado em plenário. Mas, se o presidente da CCJ mantiver a palavra, o plano pode vingar. Politicamente, o tempo é inimigo de Mendonça.

Humberto Martins e Aras seguem como candidatos fortes, caso se confirme o cenário prometido pelos aliados do presidente. Martins, porém, completa 65 anos em outubro. Precisaria ser indicado e ter o nome aprovado no Senado nas próximas semanas.

Um terceiro candidato é o ministro João Otávio de Noronha, do STJ. No começo da tarde de terça, no mesmo momento em que se intensificavam as conversas sobre a vaga no Supremo, ele acolheu um pedido da defesa do operador Fabrício Queiroz e suspendeu a tramitação, no TJ do Rio, da denúncia das rachadinhas contra o senador Flávio Bolsonaro. Noronha, porém, completa 65 anos na próxima semana. Precisa de um milagre político para virar ministro, mas está bem posicionado para influenciar a escolha de um possível novo nome.

Os articuladores da família presidencial trabalham com outros candidatos. Os nomes e as estratégias para viabilizá-los variam; não varia, entretanto, a disposição de impedir a sabatina de Mendonça. O avançar imprevisível da guerra entre Bolsonaro e o Supremo favorece, em tese, os planos dessa coalizão.

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