A empresa que recebeu meio bilhão na gestão ACM Neto

Brenno Grillo
Publicada em 13/07/2022 às 06:00
Candidato ao governo da Bahia foi o indutor das vitórias da BSM de Lucas Cardoso Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Lucas Cardoso, apontado pela Odebrecht como operador de propinas do amigo ACM Neto, disse a pessoas próximas que teme ser investigado pelo contrato que conseguiu para tocar o saneamento básico do projeto Novo Mané Dendê, em Salvador. Iniciada em 2020, a obra custaria 110 milhões de reais. Desde então, já recebeu 25 milhões de reais adicionais via aditivos por reajustes inflacionários. O dinheiro veio por empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento. 

O escrutínio do banco, mais rigoroso do que as análises meramente formais dos órgãos fiscalizadores sob influência de ACM Neto, causa receio no empresário. Após reportagens do Bastidor sobre os negócios dele com a prefeitura de Salvador, o MP local foi acionado por deputados da oposição para apurar as suspeitas de favorecimento indevido. Até agora, os promotores não se mexeram. 

A inércia aparente do MP local ganha relevância diante dos números envolvidos nos negócios sob suspeita. A BSM, empresa de Lucas Cardoso, obteve, sozinha ou por meio de consórcios, quase 636 milhões de reais em contratos com a Prefeitura de Salvador na gestão de ACM Neto. Era inexpressiva. Virou um colosso - apesar da implicação de Lucas Cardoso na delação da Odebrecht.

A primeira etapa do projeto Novo Mané Dendê, que pretende melhorar a infraestrutura de bairros populares em Salvador, foi vencida por um consórcio que leva o nome do empreendimento. O grupo tem, além da BSM de Lucas Cardoso, a Metro Engenharia, de Mauro Prates, primo do deputado estadual Léo Prates (aliado de ACM Neto). A parceria entre Cardoso e Mauro Prates é antiga - parte dela já foi mostrada pelo Bastidor: veja aqui e aqui.

Os dois venceram sua primeira licitação em Salvador um ano depois da chegada de ACM à prefeitura soteropolitana, em 2012. Unidos no Consórcio Dendezeiros, os empresários foram contratados para revitalizar áreas da capital baiana. A obra orçada inicialmente em 28 milhões de reais foi finalizada com custo total de 117 milhões de reais. Como sempre, sobraram aditivos.

Em 2015, Cardoso (foto acima) e Mauro conseguiram duas novas vitórias na Prefeitura de Salvador que totalizaram, conjuntamente, 58,7 milhões de reais para obras viárias na capital. A BSM de Lucas Cardoso ainda venceu, sozinha, outras três licitações naquele ano, que somavam 51,4 milhões de reais.

Uma dessas licitações, para manutenção de escolas, foi encerrada após quatro anos de serviços prestados e custando quase quatro vezes o preço inicial. Custaria 11 milhões de reais. Queimou 40 milhões de reais até 2019, segundo dados do Portal da Transparência da Prefeitura de Salvador. Quando a BSM de Lucas Cardoso fecha negócio com o município de Salvador, uma coisa é certa: o contrato vai custar muito mais do que o valor inicial.

Confira abaixo os valores dos contratos vencidos pela BSM (sozinha ou via consórcio) ao longo dos últimos anos:

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