O preço da ação
A decisão da 1ª turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que autorizou a retomada da investigação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por ter uma offshore no exterior produzirá efeitos no mercado financeiro, provavelmente até o fim do seu mandato, no final do ano.
A ação é capaz de piorar um momento ruim, de nervosismo entre investidores, devido à perspectiva de recessão nos Estados Unidos e de desconfiança em relação à política fiscal do governo Lula. Quem participa do mercado enxerga na ação um sinal de que o governo Lula quer substituir Campos Neto na presidência do BC por alguém obediente ao Planalto.
Os sintomas mais imediatos da reação são conhecidos: alta do dólar e dos juros futuros, com possibilidade de queda nos preços das ações na B3. Num prazo mais longo, pode se ver uma prevenção em investimentos e entrada de dinheiro no mercado de capitais. O PT poderá comemorar a ação como um feito político, mas as finanças do país pagarão um preço. O mais básico é que a elevação do valor do dólar causa efeitos na inflação - o que, em última instância, pode obrigar o BC a elevar os juros.
São praticamente nulas as chances de a investigação da Comissão de Ética produzir efeitos práticos, pois Campos Neto deixa a presidência do BC no final do ano.
Campos Neto é o maior inimigo do PT hoje. Indicado por Jair Bolsonaro e bolsonarista, o presidente do BC é vendido ao público pelo partido como alguém que mantém os juros altos para conter a alta do PIB sabotar o governo. Para o mercado, Campos Neto é uma barreira ao desejo do governo de gastar demais, que pode levar à desorganização da economia.
Campos Neto é o primeiro presidente de Banco Central sob a vigência da lei da autonomia, de 2021, portanto não foi escolhido por Lula, é uma herança do governo Jair Bolsonaro não aceita pelo presidente e pelo PT. Para piorar, é um bolsonarista que não esconde suas preferências e comete erros primários, como aceitar homenagem do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Até o final do ano, o presidente Lula tem de escolher o substituto de Campos Neto. O favorito até agora é o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. O mercado teme que Lula escolha um sucessor subserviente a seus desejos, algo impensável em países relevantes e com BC autônomo, mas desejado pelo PT.
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