Um partido perdido
Além do próprio Jair Bolsonaro e dos outros alvos, o maior prejudicado pela operação Tempus Veritatis é o PL. Valdemar Costa Neto, presidente do partido, foi preso por ter uma arma ilegal em casa e seus integrantes não se entendem nem sobre como reagir à pancada nas redes sociais. Será difícil para o PL fechar alianças e decidir candidaturas para as eleições de outubro.
O prejuízo mais imediato é a tentativa de trazer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e fazê-lo candidato a presidente em 2026. A investida é um projeto pessoal de Bolsonaro, que confia em Tarcísio como seu sucessor. Mas com Bolsonaro mais prejudicado do que já estava, o partido tem pouco a oferecer para o governador sair do Republicanos.
Com o PL desarrumado, escolado com o temperamento mercurial da turba bolsonarista, aconselhado por Gilberto Kassab a não ir e cortejado por Lula, Tarcísio tem poucas vantagens em trocar de partido neste momento. As conversas estão interrompidas e outros partidos terão vantagem no assédio a Tarcísio, visto como primeira opção para a direita.
Outras conversas fundamentais para as eleições ficam prejudicadas. Uma delas é a indicação de um vice para o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, candidato à reeleição. Nunes é um candidato que quer o apoio bolsonarista, mas tem vergonha de tirar foto com Jair Bolsonaro. Ele precisa do vice bolsonarista, mas sua timidez de aparecer e dar créditos ao ex-presidente tende a aumentar com a operação.
O PL é um partido problemático. Em 2021, Valdemar aceitou a vinda de Bolsonaro com seus parlamentares bolsonaristas. Em 2022, o PL elegeu as maiores bancadas do Congresso, o que lhe rendeu a maior fatia do fundo eleitoral. Foi um bom negócio.
Mas os novatos bolsonaristas e os veteranos do PL, muitos deles centrão de quatro costados, nunca se entenderam. Apesar de grande, a bancada do PL não teve nenhuma vitória relevante – tanto que a oposição bolsonarista pouco incomodou o governo Lula no ano passado. Sua principal iniciativa, a CPI do 8 de Janeiro, gerou provas contra os próprios criadores.
Mas nada é tão ruim que não possa piorar um pouco. Pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro e Valdemar não podem conversar. Na prática, as duas pessoas que decidem no PL não podem se falar. Se quando podiam havia desentendimentos, com a intermediação de terceiros é pequeno o risco de as coisas darem certo.
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