O filtro do presidente

É pelo chefe de gabinete de Lula, Marco Aurélio Santana Ribeiro, o Marcola, que passam as principais informações de interesse do governo antes de chegar ao presidente. Cabe a ele filtrar e levar ao petista os recados do PT, os pedidos de aliados e os movimentos de integrantes do governo.

Foi assim, por exemplo, no processo de sucessão do comando da Vale e, também, na mudança de presidente da Petrobras.

No caso da petroleira, quem levava as informações sobre a gestão de Jean Paul Prates para Marcola repassar a Lula era Danilo Ferreira da Silva, que foi chefe de gabinete do ex-presidente da empresa e hoje ocupa a direção financeira da Transpetro, após a chegada de Magda Chambriard.

Foi Marcola também o responsável por passar a Lula as articulações em torno da Vale. O presidente tentou emplacar Guido Mantega, ensaiou o nome de outros aliados, mas foi convencido a avalizar Gustavo Pimenta.

O novo CEO da mineradora, como mostrou o Bastidor, contava com o apoio do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) e do empresário Rubens Ometto, dono da Cosan, que é acionista da Vale.

É visível, para quem acompanha o governo de perto, o peso que Marcola ganhou ao longo da gestão. Não só internamente. Com a barreira criada pela primeira-dama, Janja, para dificultar o acesso a Lula – alvo constante de reclamação no Congresso, na Esplanada dos Ministérios e entre movimentos sociais – é a Marcola que os insatisfeitos têm recorrido. Era assim antes dela chegar.