O efeito Biden vem aí
Por enquanto, as especulações nas redes sociais em torno do acidente doméstico de sábado que fez o presidente Lula cancelar a viagem a Kazam, na Rússia, para a reunião do Brics, estão na vertente do absurdo. Variam do tradicional “foi algo muito mais grave do que está dizendo” a uma desculpa para não encontrar líderes mundiais.
Mas esta temporada vai passar e o acidente dará um fato concreto para discurso eleitoral. Lula terá 81 anos em outubro de 2026, data da próxima eleição. Sua saúde e a desconfiança sobre sua capacidade de governar por um quarto mandato, até os 85 anos, entram no cardápio de possíveis discursos para a oposição.
Daqui até lá, as atitudes de Lula serão examinadas de perto, em busca de sinais de que está debilitado. Por mais que sua saúde seja tratada com transparência – coisa que tradicionalmente não acontece no Brasil -, é inescapável que tudo seja examinado e questionado pelos adversários.
Nesta segunda, o Planalto divulgou a primeira imagem oficial de Lula após o acidente, em reunião com o ministro das Relações Instirucionais, Alexandre Padilha, e assessor especial Celso Amorim. Lula não terá agenda oficial hoje.
O argumento da idade já foi lançado na campanha em São Paulo, pelo então candidato Pablo Marçal. “...o Lula, ao contrário do Biden, não vai reconhecer a incapacidade e vai acabar competindo”, disse. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desistiu da reeleição em julho, após demonstrar sinais de senilidade em um debate.
Há amplo espaço para acontecer o mesmo com Lula. A idade faz diferença a qualquer profissional, mais ainda a presidentes da República. Desde o ano passado, políticos reclamam que o presidente não é o mesmo dos dois primeiros mandatos: não toma café, almoça e janta com políticos, nem encara longas jornadas. Em geral, a culpa é despejada na primeira-dama, Janja, que cercearia Lula. A realidade é que Lula se poupa.
Questionar a idade de Lula será um argumento fácil, por estar amparado na realidade de sua idade. Será também tentador para dispersar fake news, com fotos manipuladas e histórias absurdas. É uma forma eficiente de despertar a atenção de eleitores, fora do escopo normal de promessas e realizações, pois atiça o imaginário e leva a decisão a instâncias além do racional - afinal, é mais simples lançar uma dúvida que rebater argumentos.
Na campanha de 2026, Lula terá de lidar com isso. É um problema para políticos normais, como ele e Joe Biden. O exemplo americano ajuda a entender o problema: aos 78 anos, Donald Trump exibe sinais de senilidade parecidos com os de Biden, como não dizer coisa com coisa em algumas ocasiões. A questão é que isso não destoa de sua postura tradicional, dada a maluquices. Assim como Biden, Lula não tem essa vantagem.
O que Lula não tem em relação a Biden é o Partido Democrata, que levou o presidente americano a desistir da disputa. Lula é maior que o PT e, mesmo que não tivesse condições, jamais seria instado a desistir.
Atualização: nota alterada às 14h45 para incluir a primeira foto do presidente Lula após o acidente.
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