Moro será candidato por partido que sustentou a ditadura

Samuel Nunes
Publicada em 01/04/2022 às 15:26
Em 2019, Moro recebeu medalha da Ordem do Mérito Judiciário Militar Foto: José Cruz/Agência Brasil

O novo partido de Sérgio Moro, União Brasil, tem ligações fortes com o período da ditadura militar. A legenda nasceu da fusão do Democratas com o PSL, partido que elegeu Jair Bolsonaro. Mas a história do grupo político é bem mais antiga que as nomenclaturas dos tempos mais recentes.

O Democratas tem origem na Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido que dava sustentabilidade política ao regime militar, que perdurou no Brasil de 1964 a 1984. A legenda abrigou ícones da direita brasileira, como Antônio Carlos Magalhães, Paulo Maluf, José Sarney, Jorge Bornhausen, Antônio Delfim Netto e Jarbas Passarinho.

A Arena foi fundada depois que a ditadura instituiu o bipartidarismo no país. Na época, só eram permitidas duas legendas, uma que apoiava o regime e a outra que fazia oposição considerada tolerável, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Todos os demais partidos foram proibidos.

Com o fim do regime militar, a Arena se dissolveu, mas o núcleo duro da legenda permaneceu unido e fundou o Partido da Frente Liberal (PFL). Com um novo nome, seguiram de perto os governos que se seguiram, de José Sarney a Fernando Henrique Cardoso.

As quatro vitórias seguidas do PT e o consequente crescimento dos movimentos de esquerda obrigaram o PFL a se modernizar. Foi aí que a legenda adotou o nome de Democratas, para tentar se renovar nas urnas.

A estratégia não deu totalmente certo e a realidade das urnas se impôs mais uma vez. A vitória de Jair Bolsonaro, junto ao PSL, apequenou ainda mais a direita representada pelo Democratas. Ainda que vários membros da legenda tenham se submetido ao capitão, o núcleo forte nunca foi com a cara do presidente.

Origem do PSL

O PSL surgiu na cena política em 1994, sempre sob a liderança do empresário Luciano Bivar. Nascido em Recife, o político presidiu o Sport em três ocasiões. A legenda sempre fez parte do chamado "baixo clero", no Congresso Nacional. Em Brasília, as alianças sempre foram próximas aos mesmos ideais do Democratas

Em 2006, o partido decidiu lançar Bivar como candidato a presidente. O vice escolhido foi Américo de Souza, político que acabara de sair do PFL e tentou se alçar na disputa vencida pelo ex-presidente Lula. Em 2010, Souza chegou a ser cogitado novamente como candidato a presidente, mas teve o registro indeferido.

Nas eleições de 2014, o partido fez parte da coligação de Eduardo Campos e Marina Silva. Com a morte de Campos, Marina acabou perdendo a disputa e não foi ao segundo turno. O PSL, então, se voltaria aos ideais da direita ao se aliar com o PSDB, que também foi derrotado, dessa vez por Dilma Roussef.

Em 2017, o então presidente do PSL, Gustavo Bebbiano, se aproximou de Jair Bolsonaro. Os dois empreenderam uma árdua campanha focada nos rincões do Brasil, onde grandes legendas tinham pouca penetração. Dessa forma, o partido conseguiu viabilizar a candidatura vencedora, que se repetiu nas votações do Legislativo.

A legenda cresceu muito com a chamada Onda 17, nas últimas eleições presidenciais. No entanto, brigas internas entre Bolsonaro e as lideranças levaram ao rompimento entre as partes. Temendo voltar a ser um partido irrelevante na cena nacional, o presidente Luciano Bivar iniciou uma série de conversas com outros partidos, que levou à fusão com o Democratas.

O União Brasil possui uma das maiores bancadas na Câmara dos Deputados, com 58 parlamentares, além de sete senadores e quatro governadores. A super estrutura atual permite à legenda ter um bom tempo de televisão, essencial para uma candidatura presidencial. 

Apesar disso, Moro entrou na legenda sofrendo resistência da ala ligada ao Democratas. O grupo liderado por ACM Neto só aceitou a filiação do ex-juiz e ex-ministro sob a condição de que ele não pudesse concorrer à Presidência da República. Até agora, o mais provável é que seja apenas candidato a deputado federal.

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