Em busca da saída do beco
O Brasil começa a se mexer para tentar sair do beco em que se meteu com a Venezuela. Nesta quinta-feira (15), o presidente Lula foi mais incisivo ao falar sobre o tema em uma entrevista. Simultaneamente, o assessor especial Celso Amorim indicou em audiência no Senado que o país espera um desfecho para logo. Está longe de ser um ultimato, é mais um recado de que a paciência está no fim.
Em entrevista a uma rádio do Paraná, Lula disse três frases importantes:
“Ainda não (reconheço o resultado). Ele (Maduro) sabe que está devendo explicações para a sociedade, para o mundo”
“Eu quero o resultado, se tiver, vamos tratar (de reconhecer)"
“Tem que apresentar os dados, por algo confiável, o Conselho Nacional Eleitoral, que tem gente da oposição, poderia ser, mas ele mandou pra Suprema Corte. Não posso julgar a Justiça de outro país”
No Senado, Celso Amorim foi na mesma linha do presidente ao responder aos senadores. “O Brasil não reconhecerá um presidente que não esteja fundado nas atas”, disse, em resposta a uma pergunta da senadora Rosana Martinelli, do PL do Mato Grosso. “Acho que chegamos a um ponto em que é preciso sentir uma evolução real”.
A entrevista de Lula e o testemunho de Amorim formam um aviso a Maduro de que o Brasil não vai esperar muito mais por uma solução em que ele ceda algo.
As coisas começam a mudar tarde, e por necessidade. No início da semana, Lula e Amorim lançaram o balão de ensaio de propor uma nova eleição na Venezuela. Não funcionou. Na quarta-feira, o México abandonou Brasil e Colômbia na iniciativa de tentar mediar o diálogo entre Maduro e a oposição; não quis nem discutir a possibilidade de defender uma nova eleição.
O Brasil está com medo de morrer com o mico nas mãos. A postura de exigir as atas eleitorais para reconhecer o resultado da eleição de 28 de julho já se mostrou insuficiente: como todo ditador, Maduro pouco se importa com repercussão internacional e lida com a pressão interna na base da repressão. Exigir as atas é mostrar que Maduro fraudou a eleição. Mas e daí?
A posição do Brasil é cada dia mais difícil de sustentar, mas sair dela também é custoso, dado o histórico de 20 anos de amizade e apoio de Lula e seus governos com o chavismo. O Brasil poderia propor medidas mais duras, como sugerir a saída da Venezuela do Mercosul, mas isso parece distante.
As manifestações de Lula e de Amorim mostram um início de mudança, mas não permitem antever uma saída.
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