É sobre perda de poder
A crise em torno da tramitação de medidas provisórias, que ameaça paralisar o governo, é uma manobra do presidente da Câmara, Arthur Lira, para não perder um poder que não é seu. Lira tem usado argumentos de baixa qualidade para confundir a discussão e ameaça não participar da viagem à China em retaliação à atuação do governo no tema.
Pela Constituição, toda vez que medidas provisórias são editadas pelo Executivo, são formadas comissões especiais, com 12 senadores e 12 deputados para analisá-las. Depois elas vão ao plenário. Desde 2020, devido à pandemia, os textos passaram a ir direto aos plenários da Câmara e do Senado.
Desde então, Lira tem controle inédito sobre o texto final das medidas provisórias. É ele quem decide quais emendas entram ou não nos textos. Donos de interesses os mais diversos precisam conversar com Lira, o que multiplica seu poder. Para completar, a Câmara manda os textos em cima da hora e o Senado não tem margem para modifica-los.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, editou em fevereiro um ato para voltar à tramitação normal, com as comissões mistas. Lira criou uma crise em torno do caso para evitar isso e a perda do poder invejável que detém no modelo provisório em vigor há três anos.
Joga a seu favor o fato de o governo ter 11 medidas provisórias à espera de análise, entre elas a que reorganiza o governo em 37 ministérios e a que estabelece novas regras para o Bolsa Família. Se elas na forem votadas em até 120 dias, perdem a validade e tudo se desorganiza. Portanto, Lira pode ameaçar o governo com propriedade e senso de oportunidade.
Lira e os seus do Centrão se interessam em especial pela medida provisória que restabelece o voto de qualidade no Carf. Até 2020, quando havia empate nas votações do órgão que decide sobre conflitos tributários, o governo era favorecido.
O Centrão, de Lira e outros, inverteu isso: desde então, o empate favorece o devedor. Bilhões de reais passaram a ficar com os devedores e deixaram de ir ao caixa do governo. O governo sabe que tem poucas chances de aprovar a medida provisória no atual sistema de tramitação sob controle de Lira, por isso joga em favor da volta das comissões. Lira revida com ameaças.
Exposta a situação, fica claro por que Lira criou a disputa e tem sido tão agressivo. Seu argumento de que as comissões são “antidemocráticas” porque o número de deputados e senadores é igual, sendo que há 513 deputados e 81 senadores, é pedestre, mas uma forma de apelar ao corporativismo para ganhar apoio.
Não se trata, portanto, de institucionalidade; mas de oportunidade e de poder.
Investigação sobre golpe mostra fragilidade do sistema de validação de linhas telefônicas
Leia MaisEx-vice-presidente da Caixa é demitido do serviço público por justa causa por assédio sexual e moral
Leia MaisEm ação antitruste, Departamento de Justiça dos EUA quer que empresa venda o navegador Chrome
Leia MaisGoverno de Alagoas abate quase metade da dívida da usina falida e procuradores levam comissão de 20%
Leia MaisEm nova ação contra a Lava Jato, Toffoli retira sigilo de caso de gravação de conversas do doleiro
Leia MaisProcuradores da PGFN mudam postura e estendem prazo para análise de desconto em dívida da Laginha
Leia MaisBradesco exige votação que respeite a ordem dos credores na assembleia de credores da Laginha
Leia MaisProcuradores dos EUA avançam criminalmente contra bilionário amigo de Modi após ataque da Hindenburg
Leia MaisConselho Nacional de Justiça aposentou desembargadora envolvida em venda de sentenças
Leia MaisInvestigações tentam encontrar laços de militares que queriam matar Lula com o 8 de janeiro
Leia MaisMilitares e um agente da PF presos queriam matar Lula e Alckmin; Moraes também era alvo do grupo
Leia MaisO mês que marcaria os últimos dias do governo Bolsonaro foi o escolhido para o golpe, segundo a PF
Leia MaisOperação da PF assusta por mostrar que, sob Bolsonaro, militares podem matar adversários políticos
Leia MaisInvestigação da PF mostra que general próximo a Bolsonaro elaborou plano para matar Lula e Alckmin
Leia MaisSenacon tenta limitar publicidade de bets, mas falha ao detalhar eventuais punições.
Leia Mais