Análise: Anvisa cede à pressão, mas guerra das vacinas é inevitável

Diego Escosteguy
Publicada em 03/02/2021 às 19:24
Foto: Fotoarena/Folhapress

A contragosto e de modo atabalhoado, a Anvisa cedeu à pressão para (aparentemente) facilitar o uso emergencial da Sputnik. Dispensou estudos de fase três em andamento no Brasil, o que seria aprovado pelo Congresso em dias, graças a uma articulação do centrão e do Planalto.

A cúpula da agência tentou evitar um problema inevitável. Os diretores e técnicos da Anvisa sabem que liberar a exigência de estudos em fase três no Brasil não significa que a União Química conseguirá a autorização emergencial para a Sputnik.

No caso da vacina russa, a nova regra concede apenas a aparência de maior facilidade. Até ajuda a União Química, mas bem pouco. O laboratório não conseguiu apresentar dados mínimos para a apreciação da Anvisa - nem dispõe deles. Ao menos por ora.

A agência sanitária russa não avaliou o imunizante. A vacina foi aprovada pelo governo russo. Se seguiu padrões técnicos e científicos das principais agências sanitárias, ninguém sabe. Técnicos da OMS e da Anvisa aguardam há meses documentos mínimos e críticos para poder analisar o imunizante.

Até agora, seja em Brasília, seja na Europa, os cientistas e especialistas receberam documentos de uma página e apresentações em Powerpoint. Técnicos da Anvisa chegaram a rir nervosamente quando abriram o primeiro pedido de uso emergencial apresentado pela União Química.

Quando a União Química entrar com o novo pedido junto à Anvisa, os técnicos terão até trinta dias para analisar o pleito. Nada indica que haverá condições de aprovar o uso emergencial sem diminuir o rigor prometido pela agência. Não é a revista The Lancet que aprova vacinas - por mais alvissareira que seja a publicação de um artigo revisado por pares sobre os estudos de fase três do imunizante.

Desenha-se, portanto, uma guerra entre a coalizão da Sputnik - um grupo que inclui do presidente da República a deputados do centrão, passando por lobistas, governadores, empresários e advogados - e os técnicos da Anvisa.

Eles serão pressionados a relaxar substancialmente a análise da segurança, da eficácia e da qualidade do imunizante. E conferir apenas um carimbo formal a uma substância que poderá chegar aos braços de milhões de brasileiros.

A decisão final caberá aos cinco diretores da Anvisa. Eles votarão, provavelmente, sob extraordinária pressão política, econômica e popular.

Glauber Braga é acompanhado por médicos da Câmara, em protesto contra cassação de mandato

Leia Mais

Caso de corrupção na saúde do Rio é enviado ao STJ com base em novo entendimento do Supremo

Leia Mais

Mulher de ex-presidente do Peru desembarca no Brasil depois de receber asilo do governo Lula

Leia Mais

Secretaria de Prêmios e Apostas divulga calendário com medidas para impedir apostas sem controle

Leia Mais

Moraes suspende extradição pedida pela Espanha após país negar entrega de Oswaldo Eustáquio

Leia Mais

Ex-presidente do Peru e mulher são condenados por propina da Odebrecht; ela obtém asilo no Brasil

Leia Mais

PF intima Abin

15/04/2025 às 16:02

Diretor da agência vai depor por suspeita de atrapalhar inquérito sobre a Abin paralela

Leia Mais

Era só propina

15/04/2025 às 15:58

TST livra ex-funcionário de indenizar empresa por cobrar comissão para privilegiar fornecedores

Leia Mais

Sinas de Dantas

15/04/2025 às 14:00

Movimentos do TCU contra a Previ são atribuídos a uma vingança do ex-presidente do tribunal

Leia Mais

Integrantes da CPI das Bets querem mais tempo para concluir investigação, que anda devagar

Leia Mais

Líder do PL se antecipa e apresenta pedido para que projeto a favor de Bolsonaro tenha urgência

Leia Mais

Lula assina decreto com regras do programa com nova ajuda a estados para pagar dívida com a União

Leia Mais

Lula promulga acordo comercial entre o Mercosul e o Estado da Palestina, parado desde 2011

Leia Mais

Ministro Gilmar Mendes suspende todas as ações sobre validade da pejotização no país

Leia Mais

Lula sanciona lei que o autoriza a retaliar sanções econômicas impostas ao Brasil por outros países.

Leia Mais