A ameaça de auditoria dos militares
Circula por entre os auxiliares políticos do presidente Jair Bolsonaro a preocupação com a promessa (ou ameaça) do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, de as Forças Armadas auditarem a eleição sem a ajuda do Tribunal Superior Eleitoral.
O medo é que o trabalho dos militares dê o pretexto que Bolsonaro precisa para uma narrativa de fraude na eleição. Isso geraria uma crise inédita, segundo admitiu uma fonte do governo.
Um integrante do grupo admitiu ao Bastidor a possibilidade de pressionar Nogueira, por meio dos oficiais de alta patente, a desistir da ideia anunciada inicialmente em reunião ministerial ainda no início de julho.
De acordo com uma fonte presente à reunião na época, e reportada pela revista Veja, o ministro afirmou que as Forças Armadas fariam sua auditoria sem a ajuda do TSE.
Na época, o presidente do TSE era Edson Fachin, e Nogueira reclamava do desprestígio que os militares vinham sofrendo na Justiça Eleitoral. Em meados de agosto, Alexandre de Moraes assumiu o tribunal e teve dois encontros com o ministro. Acreditou-se que a história não iria adiante.
Mas, a semana passada, Nogueira voltou a tratar do assunto com o presidente Jair Bolsonaro. Repetiu que os militares fariam uma auditoria do resultado das eleições por meio de uma “amostragem estatística” –com ou sem o repasse de dados da Justiça Eleitoral.
As informações que as Forças Armadas vão colher para a tal auditoria virão dos boletins de urna, sempre colados na porta das sessões eleitorais após o término da votação. Este ano será possível a qualquer cidadão acessá-los pela internet.
A preocupação do grupo político com a ameaça de auditar um número restrito de urnas, com base em seus boletins, é que os militares tenham um número distorcido.
Eventuais divergências - que são bastante possíveis, já que um lote pequeno de urnas não representa o universo de eleitores - serviriam de argumento para Bolsonaro apontar uma falsa fraude.
Ainda que frágil e facilmente desmontada, estaria criada uma narrativa que permitiria a crise que Bolsonaro busca.
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