Apertou, mudou
No dia 21 de novembro do ano passado, quando depôs diante do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o tenente-coronel Mauro Cid estava sob risco de perder os benefícios de seu acordo de delação premiada. Tanto a Polícia Federal quanto a Procuradoria-Geral da República pediam à volta para a prisão do colaborador que ajudou a desnudar a trama golpista de Jair Bolsonaro.
Na audiência, Mauro Cid foi avisado pelo ministro Alexandre de Moraes que estava prestes a retroceder da condição de colaborador para a de mero réu.
“Se não houver efetividade da colaboração, se a colaboração em nada auxiliou, não há por que, dentro dessa ideia de justiça colaborativa, a justiça premial, se dar os benefícios. Após essa nova fase da investigação, onde vários documentos foram juntados aos autos, onde celulares, mensagens de celulares, mensagens de computadores, novos laudos foram juntados, se percebeu que há uma série de omissões e uma série de contradições - eu diria aqui, com todo respeito uma série de mentiras na colaboração premiada", disse, segundo o termo de audiência.
Moraes foi além."Já há o pedido da Polícia Federal, já há o parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, pela imediata decretação da prisão, do retorno à prisão do colaborador". Continuou: "E eventual rescisão englobará inclusive a continuidade das investigações e responsabilização do pai do investigado, de sua esposa e de sua filha maior”.
O registro chama a atenção. Um colaborador precisa falar a verdade - e falar a verdade sem qualquer coação ou ameaça, segundo entendimento do próprio Supremo.
Moraes fez perguntas específicas, deteve-se em pontos específicos e expôs Cid a o que havia dito antes. Mauro Cid falou mais e mudou o que havia dito nos depoimentos iniciais, meses antes. "Eu tô retificando meu depoimento", disse em dado momento, ao falar sobre um reunião de militares.
Em essência, Cid mudou o que havia dito sobre três temas:
Contou que uma reunião feita na casa do general Braga Netto, em dezembro de 2022, não tinha sido um encontro de militares que queriam tirar fotos, como havia dito antes. O verdadeiro objetivo era articular ações que gerassem “caos social”.
“O General Braga Netto, juntamente com os coronéis Oliveira e Ferreira Lima concordavam com a necessidade de ações que gerassem uma grande instabilidade e permitissem uma medida excepcional pelo Presidente da República. Uma medida excepcional que impedisse a posse do então Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.”
Cid também mudou o que havia dito sobre o motivo de sua saída da reunião. Inicialmente, dissera que não sabia o que havia sido conversado porque havia ido embora antes, por ter um compromisso no Palácio da Alvorada. Em novembro, disse que Braga Neto o mandou embora quando começaram a surgir as ideias para o caos. "Não, o Cid não pode participar, tira o Cid porque é próximo ao Bolsonaro".
Deu uma nova versão a um pedido de 100 mil reais feito a ele pelo coronel Oliveira. Antes, Cid disse que achava ser uma brincadeira; em novembro, disse que os dados da investigação o convenceram que o dinheiro podia ser para financiar a operação Punhal Verde e Amarelo, para eliminar o próprio Alexandre de Moraes.
As alterações foram significativas, a ponto de revelar fatos novos, agravar a situação de outros investigados e suficientes para salvar o acordo de Cid.
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