Os concierges do crime

Samuel Nunes
Publicada em 28/08/2024 às 11:46
Operação da PF identificou bancos que operavam dinheiro de facções criminosas no Brasil. Foto: Divulgação/PF

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira (28) 17 pessoas suspeitas de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou 7,5 bilhões de reais, segundo os investigadores.

A quadrilha usava dois bancos digitais, as chamadas fintechs, para ocultar a origem e a destinação dos recursos que circulavam pelas contas. Os bancos T10 Bank e Inovepay operavam sem autorização do Banco Central.

As duas fintechs depositavam os recursos dos seus clientes em bancos tradicionais e, segundo a PF, usavam empresas de fachada para movimentar esse dinheiro, inclusive com o recebimento de valores por meio de máquinas de cartão de crédito.

A suspeita dos policiais é que as duas fintechs operavam dinheiro de facçōes criminosas, empresas com dívidas trabalhistas e com os mais diversos problemas com a Justiça.

Os falsos bancos garantiam aos clientes que a movimentação ocorreria longe da fiscalização das autoridades, porque o dinheiro ficava depositado em bancos tradicionais e só era movimentado quando havia necessidade. Foi daí que surgiu o nome da operação, Concierge: os clientes procuravam as fintechs quando necessitavam de algum serviço especial. A prática é conhecida como "conta bolsão".

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) chegou a denunciar a fraude ao Ministério Público Federal, que também participou das investigações. 

Além das prisões - das quais 10 são preventivas - os policiais cumpriram 60 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo e Minas Gerais. A maior parte aconteceu em Campinas (SP), onde ficavam as sedes das fintechs investigadas.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, a Justiça determinou a suspensão dos registros profissionais de dois advogados, de quatro contadores e o bloqueio de 850 milhões de reais dos investigados. 

A Polícia também afirma que identificou os clientes das fintechs e que eles são alguns dos alvos das ações desta quarta-feira.

Em nota, a Inovepay disse que os advogados do Inove Global Group não tiveram acesso integral ao conteúdo da investigação. "A empresa nega veementemente ter relação com os fatos mencionados pelas autoridades policiais e veiculados pela imprensa. Também ressalta total disposição em colaborar com as investigações. Importante ressaltar que o Inove Global Group é uma empresa de tecnologia ligada a meios de pagamento. E não uma Instituição financeira e nem banco digital".


Nota alterada às 14h40 para corrigir o nome da fintech Inovepay e às 17h20 para acrescentar a nota da Inovepay.

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