Operação anti-voto
Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, nesta segunda-feira (19), o ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal, Adiel Pereira Alcântara, afirmou ter recebido ordem para reforçar as blitze no dia do segundo turno da eleição de 2022. Alcântara foi uma das testemunhas a depor no primeiro dia fase de depoimentos da ação penal do Núcleo 1 da tentativa de golpe de estado.
Segundo Alcântara, a determinação partiu do então diretor de operações, Djairlon Moura, e foi tratada como orientação direta do comando da corporação. A justificativa, segundo Adiel, foi clara: “Está na hora de a PRF tomar lado”.
Clebson Ferreira, servidor do Ministério da Justiça, relatou ter produzido planilhas com dados sobre o deslocamento de eleitores. Disse que ficou “apavorado” ao perceber que o material foi usado para direcionar operações da PRF em regiões onde Lula aparecia à frente nas pesquisas. A atuação, segundo ele, não seguiu critérios técnicos. Os depoimentos de ambos atingem o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, réu no processo.
A Primeira Turma vai ouvir 82 testemunhas até o início de junho. Depois, será a vez dos interrogatórios dos réus. A expectativa é que julgamento aconteça ainda este ano.
O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, também prestou depoimento. Confirmou que participou das reuniões em que foi discutido os termos da minuta golpista, mas negou que o almirante Almir Garnier tenha aderido ao golpe, contrariando a versão dada à Polícia Federal.
Diante da contradição, o ministro Alexandre de Moraes, que conduzia o interrogatório, o repreendeu: “Ou o senhor falseou a verdade na polícia, ou está falseando aqui”. O general reafirmou que não interpretou a fala de Garnier como apoio a qualquer medida golpista. Freire Gomes também negou ter dado voz de prisão a Bolsonaro, mas confirmou que alertou o presidente sobre os riscos de agir fora da legalidade.
A próxima sessão para está marcada para a quarta-feira (21), quando será ouvido o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior.
O Núcleo 1 é composto por Bolsonaro e por outras sete pessoas: Alexandre Ramagem, Almir Garnier Santos, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. O grupo é considerado pela PGR como crucial na trama da tentativa de golpe, e a denúncia contra ele foi aceita pelo STF em março.
Os réus respondem por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. No caso de Alexandre Ramagem, a ação penal suspendeu temporariamente a apuração dos crimes supostamente cometidos após sua diplomação como deputado federal.
Veja abaixo o cronograma das audiências:
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