Fechou a torneira
O ministro Flávio Dino acendeu o pavio para a guerra entre Congresso e Supremo Tribunal Federal ao suspender, nesta quarta-feira (14), o pagamento de emendas impositivas que não seguirem regras de transparência. Na decisão, ele afirma que o poder excessivo do Congresso sobre o orçamento acabou em desperdício, falta de objetividade e corrupção.
As emendas impositivas são resultado do aumento de poder do Congresso sobre o Executivo, devido a seguidos governos com base parlamentar fraca desde Dilma Rousseff. A situação piorou na gestão de Jair Bolsonaro.
A suspensão imposta por Dino valerá para todas os tipos de emendas parlamentares impositivas, aquelas que o governo é obrigado a pagar, e quaisquer outras que venham a ser "criadas". Vale até que toda a contabilidade do que foi gasto, onde e como foi (ou ainda será) gasto seja apresentada detalhadamente. As emendas atuais são as individuais, de bancada estadual, de comissão e de relator-geral do orçamento.
Em sua decisão, Dino lista diversas exigências que precisarão ser atendidas para a liberação do dinheiro. Uma delas é a concordância das áreas técnicas relacionadas ao destino do dinheiro público.
Dino decidiu, sozinho, num pedido apresentado pelo Psol no último dia 8. Nesses seis dias, não questionou a Câmara, o Senado ou o governo sobre o pleito do partido. O PSol pediu ao STF a extinção das emendas parlamentares argumentando não ser competência constitucional do Legislativo definir detalhes dos gastos públicos.
O ministro acatou o argumento e destacou que deputados e senadores têm 49,2 bilhões de reais em emendas parlamentares previstas para este ano. Não poupou críticas ao Legislativo: uma delas foi que o “'orçamento impositivo' não deve ser confundido com 'orçamento arbitrário'”.
O Congresso enxerga a mão do governo na caneta de Dino, ministro da Justiça até janeiro. A suspeita cresceu nesta quarta, depois que o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o PT (a pedido de Lula) defenderam o ministro Alexandre de Moraes das acusações da Vaza Toga. A decisão de Dino sobre as emendas é um freio no crescimento do poder do Congresso sobre o orçamento e obriga a mudanças.
Porém, tensiona uma situação já muito delicada entre o STF e parlamentares. No final de 2022, o Supremo proibiu o orçamento secreto, meio de pagamento usado por parlamentares antes da emendas PIX, para destinar dinheiro público sem a possibilidade de rastreio. Naquele momento, parlamentares começar a propor reprimendas aos ministros, como mandatos para os integrantes do Supremo, limitação às decisões monocráticas e até a abertura d um processo de impeachment.
Agora, essas opções voltam à mesa, ainda mais que as duas Casas se preparam para elegerem seus presidentes para o biênio 2025-2026. Elmar Nascimento, candidato de Lira e favorito para assumir a Câmara, e Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado e principal candidato no pleito que se avizinha, dependem desse modelo de negócios para manter o apoio de seus pares.
Leia a decisão proferida pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, nesta quarta-feira (14):
Bradesco exige votação que respeite a ordem dos credores na assembleia de credores da Laginha
Leia MaisO mês que marcaria os últimos dias do governo Bolsonaro foi o escolhido para o golpe, segundo a PF
Leia MaisOperação da PF assusta por mostrar que, sob Bolsonaro, militares podem matar adversários políticos
Leia MaisInvestigação da PF mostra que general próximo a Bolsonaro elaborou plano para matar Lula e Alckmin
Leia MaisSenacon tenta limitar publicidade de bets, mas falha ao detalhar eventuais punições.
Leia MaisPF prende um dos seus e quatro militares suspeitos de planejar matar Lula, Alckmin e Moraes em 2022
Leia MaisNa miúda, Anatel libera operadora a migrar de regime em acordo que custou 17 bilhões de reais
Leia MaisCade retira poderes da Paper Excellence para ditar os rumos da Eldorado Celulose, do Grupo J&F.
Leia MaisEntidade escolhida sem seleção pública cuidou de organização de evento para 500 mil em Roraima
Leia MaisA pedido de Kassio, PGR diz que falência da Laginha deve correr no TJ de Alagoas, não no Supremo
Leia MaisLula recebe líderes mundiais em um encontro esvaziado pela eleição de Donald Trump nos EUA
Leia MaisJuízes da Laginha remarcam assembleia de credores um dia após Kassio voltar atrás em suspensão dela
Leia MaisJuiz rejeita pedido de fundo de investimentos gerido pela Reag para derrubar decisão contra Copape
Leia MaisIrmãos Batista acionam órgão antitruste na guerra com a Paper pelo controle da Eldorado Celulose
Leia MaisSTF mantém condenação de Collor, que pode cumprir pena em regime fechado
Leia Mais