Fechou a torneira

Brenno Grillo
Publicada em 14/08/2024 às 20:04
Suspensão imposta por Dino valerá para todos os tipos de emendas parlamentares e quaisquer outras que venham a ser "criadas" Foto: Ton Molina /Fotoarena/Folhapress

O ministro Flávio Dino acendeu o pavio para a guerra entre Congresso e Supremo Tribunal Federal ao suspender, nesta quarta-feira (14), o pagamento de emendas impositivas que não seguirem regras de transparência. Na decisão, ele afirma que o poder excessivo do Congresso sobre o orçamento acabou em desperdício, falta de objetividade e corrupção.

As emendas impositivas são resultado do aumento de poder do Congresso sobre o Executivo, devido a seguidos governos com base parlamentar fraca desde Dilma Rousseff. A situação piorou na gestão de Jair Bolsonaro.

A suspensão imposta por Dino valerá para todas os tipos de emendas parlamentares impositivas, aquelas que o governo é obrigado a pagar, e quaisquer outras que venham a ser "criadas". Vale até que toda a contabilidade do que foi gasto, onde e como foi (ou ainda será) gasto seja apresentada detalhadamente. As emendas atuais são as individuais, de bancada estadual, de comissão e de relator-geral do orçamento.

Em sua decisão, Dino lista diversas exigências que precisarão ser atendidas para a liberação do dinheiro. Uma delas é a concordância das áreas técnicas relacionadas ao destino do dinheiro público.

Dino decidiu, sozinho, num pedido apresentado pelo Psol no último dia 8. Nesses seis dias, não questionou a Câmara, o Senado ou o governo sobre o pleito do partido. O PSol pediu ao STF a extinção das emendas parlamentares argumentando não ser competência constitucional do Legislativo definir detalhes dos gastos públicos.

O ministro acatou o argumento e destacou que deputados e senadores têm 49,2 bilhões de reais em emendas parlamentares previstas para este ano. Não poupou críticas ao Legislativo: uma delas foi que o “'orçamento impositivo' não deve ser confundido com 'orçamento arbitrário'”.

O Congresso enxerga a mão do governo na caneta de Dino, ministro da Justiça até janeiro. A suspeita cresceu nesta quarta, depois que o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o PT (a pedido de Lula) defenderam o ministro Alexandre de Moraes das acusações da Vaza Toga. A decisão de Dino sobre as emendas é um freio no crescimento do poder do Congresso sobre o orçamento e obriga a mudanças.

Porém, tensiona uma situação já muito delicada entre o STF e parlamentares. No final de 2022, o Supremo proibiu o orçamento secreto, meio de pagamento usado por parlamentares antes da emendas PIX, para destinar dinheiro público sem a possibilidade de rastreio. Naquele momento, parlamentares começar a propor reprimendas aos ministros, como mandatos para os integrantes do Supremo, limitação às decisões monocráticas e até a abertura d um processo de impeachment.

Agora, essas opções voltam à mesa, ainda mais que as duas Casas se preparam para elegerem seus presidentes para o biênio 2025-2026. Elmar Nascimento, candidato de Lira e favorito para assumir a Câmara, e Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado e principal candidato no pleito que se avizinha, dependem desse modelo de negócios para manter o apoio de seus pares.

Leia a decisão proferida pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, nesta quarta-feira (14):

Apesar da resistência, Jair Bolsonaro anuncia que seu filho Carlos será candidato ao Senado por SC

Leia Mais

Desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo querem mudar plantões criminais da corte

Leia Mais
Exclusivo

Dupla remuneração em xeque

26/06/2025 às 11:50

Dirigentes da USP faturaram 1,7 milhão de reais da fundação que administravam

Leia Mais

Ministro contraria expectativa e vota com Mendonça para manter como está o Marco Civil da Internet

Leia Mais

Em dia catastrófico para o governo, Congresso derruba IOF, aprova mais deputados e desgasta Lula

Leia Mais

Cerco à delação

25/06/2025 às 18:25

Wajngarten e Paulo Bueno vão depor à PF por abordagens a filha, esposa e mãe de Mauro Cid

Leia Mais

Me deixem pra lá

25/06/2025 às 16:36

Indiciado, corregedor da Abin pede à PGR que sua parte no inquérito seja arquivada

Leia Mais

Dino manda investigar pagamentos milionários a juízes e desembargadores de Rondônia

Leia Mais

Não pode pagar

25/06/2025 às 12:52

Rombo no TRF-1 leva CNJ a mirar precatórios emitidos irregularmente em todos os tribunais federais

Leia Mais

Augusta ousadia

25/06/2025 às 11:43

Três são presos em investigação por favorecimento em inquéritos e liberação de itens apreendidos.

Leia Mais

No limbo da PGR

25/06/2025 às 06:00

PGR deve denunciar primeiro indiciados pela 'Abin paralela' que tiveram elo com a trama golpista

Leia Mais

Fim de voo

24/06/2025 às 19:37

Anac cassa de vez a autorização da Voepass, que não poderá mais operar voos comerciais

Leia Mais

Sem registros no STF, encontro vira disputa de versões entre Braga Netto e Mauro Cid

Leia Mais

Revés no Amapá

24/06/2025 às 15:15

Justiça Federal interrompe projeto de exploração de madeira patrocinado por Alcolumbre e Randolfe

Leia Mais

1ª Turma do STJ decide que empresas de mesmo grupo podem responder por crimes de coligada

Leia Mais