Improviso bilionário

Leandro Loyola
Publicada em 09/07/2024 às 18:00
Rodrigo Pacheco marcou a votação da desoneração da folha para amanhã Foto: Wallace Martins/Thenews2/Folhapress

O projeto de desoneração da folha de pagamento para 17 setores e municípios é um daqueles casos que as finanças públicas são tratadas na base do improviso, criatividade legislativa e soluções fictícias. Patrono da causa, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, avisou que a matéria será votada amanhã, quarta-feira (10). Mas ninguém ainda tem o relatório da matéria, que envolve R$ 25 bilhões, para avaliar se as coisas vão funcionar.

O caso é emblemático. Em 2012, o governo Dilma reduziu impostos de alguns setores da economia para incentivar a criação de empregos. O benefício tinha prazo determinado para vigorar.

Como é comum em casos que envolvem benefícios fiscais no Brasil, duas coisas aconteceram: não há estudos sérios independentes que atestem que a política funcionou; no fim do prazo, grupos influentes se mobilizam para manter a facilidade e o Legislativo abraça a causa.

No final do ano passado, o governo acabou com a desoneração por meio de uma medida provisória. Pacheco revidou: devolveu parte da medida provisório e a questão foi transferida para um projeto de lei. O provisório pode durar mais alguns anos.

Em parceria com o relator da matéria, senador Jaques Wagner, Pacheco afirma que o Senado tem solução para recompor o gasto de R$ 25 bilhões. São quatro medidas: repatriação de recursos, atualização de ativos, Refis de multas de agências reguladoras a empresas e taxação de encomendas de menos de US$ 50.

Não é assim. As quatro medidas não recompõem os R$ 25 bilhões. Nesta terça, Congresso e governo correm para incluir no relatório de Wagner medidas como revisões de benefícios sociais, aquelas operações para descobrir fraudes e erros.

Coisas deste tipo são improvisos, promessas de receitas para garantir, apenas no papel, que se cumpriu o objetivo. A realidade é que o Congresso quer manter a desoneração para atender alguns setores da economia e beneficiar prefeituras a um mês da eleição para prefeitos.

Em um momento de necessidade de cortes, o governo teria de evitar o gasto de R$ 25 bilhões. Mas o Congresso e alguns setores – que publicamente cobram cortes de despesas do governo e o avaliam como grande demais – investem em tapa buracos que não passam de promessas de receitas sem garantia para um gasto que é certo.

Flávio Dino quer que Congresso esclareça verbas para ONG e para bancar salários de servidores

Leia Mais

MPF fecha acordo de leniência com empresa que pagou propina para fazer negócios com a Petrobras

Leia Mais

Cerco a Elmar

17/07/2025 às 09:55

Em nova fase da Overclean, PF mira entorno de deputado por suspeita de fraudes com emendas

Leia Mais

Lula edita MP para devolver dinheiro roubado por sindicatos e entidades de pensionistas do INSS

Leia Mais

Lula veta aumento de deputados e transfere ao Congresso o custo de bancar pro projeto impopular

Leia Mais

Membros da Advocacia-Geral da União receberam, só em janeiro, penduricalho de 1,68 bilhão de reais

Leia Mais

A volta do IOF

16/07/2025 às 18:53

Moraes devolve validade a decreto do governo, mas mantém de fora a cobrança sobre risco sacado

Leia Mais

PF prende dois que lavaram dinheiro do roubo de 3 bilhões de reais em criptoativos

Leia Mais

PF indicia advogado por manipular dados de celular em inquérito de venda de sentença

Leia Mais

Sem assinatura de Lula, carta do governo brasileiro diz a Washington querer negociar tarifas

Leia Mais

Projeto de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil será votado no segundo semestre

Leia Mais

Pesquisa mostra que Trump e impostos melhoram popularidade de Lula e prejudicam Congresso

Leia Mais

Youssef livre

16/07/2025 às 11:59

Toffoli anula atos da Lava Jato contra o doleiro da Lava Jato, mas mantém acordo válido

Leia Mais

PGR diz que Anderson Torres pode ter forjado viagem aos EUA às vésperas de 8 de janeiro de 2023

Leia Mais

Justiça recusa pedido de empresa e fundação para não fornecerem documentos pedidos desde 2022

Leia Mais