PF chega no paredão

Alisson Matos
Publicada em 23/04/2025 às 13:00
O relatório da PF mostra que Yuri do Paredão falou com suspeita de participar do esquema no dia que foram apreendidos 600 mil reais do grupo Foto: Reprodução/redes sociais

A Polícia Federal apura a ligação do deputado federal Yury do Paredão, do MDB, com um esquema de financiamento ilegal de campanhas eleitorais em cidades do Ceará no ano passado. Policiais descobriram uma ligação de vídeo entre Yury e uma suspeita de operar a compra de votos a partir de dinheiro desviado de emendas parlamentares.

O relatório a que o Bastidor teve acesso trata da investigação de um esquema de uso de dinheiro público desviado de emendas parlamentares para a compra de votos por um grupo de políticos e empresários. O documento foi encaminhado ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, relator de um inquérito sigiloso.

O ministro determinou que a investigação fosse conduzida pelo Supremo após parecer da Procuradoria-Geral da República, que concluiu "pela manutenção da competência do STF em razão do estado atual da investigação e do risco de prejuízo à compreensão global das condutas em caso de desmembramento do inquérito".

A campanha eleitoral de 2024 no Ceará foi marcada por denúncias de compra de votos, ameaças, episódios de violência e infiltração de facções criminosas, como o PCC e o Comando Vermelho, inclusive com intimidação da eleitores.

A investigação da PF começou após denúncias feitas no ano passado por Rozário Ximenes, ex-prefeita de Canindé, a 120 quilômetros de Fortaleza. Ela apresentou ao Ministério Público do estado uma lista de empresas e empresários suspeitos de participar de desvios de dinheiro público encaminhado por emendas parlamentares a prefeituras de 51 cidades.

Após meses de investigação, a PF relata ao Supremo que o esquema era liderado pelo deputado federal Junior Mano, do PSB, e por Carlos Alberto de Queiroz Pereira, conhecido como Bebeto do Choró, que foi candidato à Prefeitura de Choró. Ele foi eleito, mas uma decisão da Justiça Eleitoral impediu sua posse. Faziam parte do grupo operacional Cleide Queiroz, irmã de Bebeto, e o empresário Maurício Gomes Coelho.

De acordo com a PF, um deputado - até agora apenas Júnior Mano era suspeito - destinava emendas. Empresários como Maurício Coelho eram escolhidos por prefeitos para simular serviços. Na prática, devolviam parte do valor para o grupo político. A PF afirma que parte desse dinheiro desviado foi usado para comprar votos para prefeitos e vereadores.

O relatório da PF afirma que, em 25 de setembro, nove dias antes da eleição, foram apreendidos 600 mil reais e "outros materiais ilícitos" com um homem vinculado ao grupo. O dinheiro seria usado para a compra de votos.

A PF descobriu que, no mesmo dia, o deputado Yury do Paredão fez uma chamada de vídeo para Cleide Queiroz, irmã de Bebeto. A ligação partiu do aparelho do deputado, foi feita às 12h23, quando a Polícia Federal já havia feito as apreensões, e durou 2 minutos e 35 segundos. Para a PF, o contato no dia exato da apreensão não se trata de uma simples coincidência.

Uma operação, chamada "Mercato Clauso", foi realizada e cumpriu nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Fortaleza, Canindé e Choró.

Assim como Junior Mano, Yury do Paredão era até pouco tempo do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ambos foram expulsos da legenda após fazerem acordos com candidatos do PT na campanha eleitoral.

O deputado Yury do Paredão disse ao Bastidor que foi o candidato mais votado em Choró em 2022 e que "alguém pode ter ligado de lá para falar de apoio político por ser período de eleição". Ele negou conhecer Cleide ou ter algum contato com ela, mas não explicou o fato de a chamada de vídeo ter sido feita por ele.

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