Desvio e falsificação

Karen Couto
Publicada em 25/10/2024 às 10:53
Suspeito de desviar dinheiro para negócios privados, Gustavo Gayer também é investigado por colaborar com o vandalismo de 8 de janeiro de 2023 Foto: Bruno Spada /Câmara dos Deputados

O deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer, do PL de Goiás, foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal nesta sexta-feira (25). A "Operação Discalculia" foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e cumpre 19 mandados de busca e apreensão em Brasília e cidades de Goiás.

O parlamentar e seus assessores são investigados por desvio de verbas da cota parlamentar e falsificação de documentos para criar uma Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) para desviar dinheiro de emendas parlamentares ao Orçamento.

De acordo com a investigação, o grupo ligado a Gayer adquiriu uma entidade inativa para registrá-la como OSCIP e qualificá-la para receber dinheiro de emendas. Contudo, para cumprir os requisitos de tempo de atividade exigidos por lei, documentos como atas de reunião foram falsificados, retroagindo para 2003.

Os investigadores perceberam a fraude ao examinar o quadro de sócios: feitas as contas, eles teriam entre 1 e 9 anos na época da constituição da entidade, o que entregou a manipulação. 

A investigação também trouxe à tona a suspeita de que Gayer usou dinheiro público para negócios pessoais. A PF encontrou indícios de que o deputado usou dinheiro da cota parlamentar da Câmara - que deve ser usada apenas para custos do mandato - para manter, ao menos parcialmente, uma loja de camisetas e uma escola de inglês em Goiânia, operados em um espaço alugado para ser seu escritório político.

Segundo a decisão do ministro Moraes, os assessores parlamentares eram pagos com dinheiro público, da cota da Câmara, mas trabalhavam nas empresas de Gayer. Nas buscas, a PF apreendeu 72 mil reais em espécie na casa de um dos assessores do deputado, além de celulares, cartões de memória e HDs externos.

Gayer é suspeito de ter cometido os crimes de peculato, falsidade ideológica, associação criminosa e falsificação de documentos. Em vídeo publicado em redes sociais, ele disse criticou o momento da operação, a dois dias do segundo turno das eleições municipais em Goiânia. O parlamentar apoia o candidato bolsonarista Fred Rodrigues, do PL, e disse que a ação foi uma tentativa de prejudicar o colega. 

A investigação é um desdobramento do inquérito dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Gayer contratou a empresa Goiás Online, de João Paulo de Sousa Cavalcante, um dos financiadores do vandalismo de 8 de janeiro, em Brasília.

Segundo a PGR, provas encontradas no celular do empresário, que foi preso, o dinheiro pagou pelo gabinete de Gayer à empresa de Cavalcante pode ter sido usado para financiar o vandalismo de 8 de janeiro de 2023.

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