Não mexa com Andorra

Samuel Nunes
Publicada em 11/06/2024 às 20:56
Ministro afirmou que anulação de provas da Odebrecht impede novas investigações baseadas nos sistemas de controle de propina da empresa Foto: Andressa Anholete/STF

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, determinou a suspensão de um pedido do Ministério Público Federal para que a Odebrecht (agora Novonor) envie dados sobre suas contas em Andorra. O objetivo dos investigadores era alicerçar provas do pagamento de propinas a autoridades no Brasil. A decisão foi tomada a pedido da Novonor.

O pedido de informações do MPF foi encaminhado à empresa em 2023 e, segundo a Novonor, estava baseado nas provas dos sistemas Drousys e My Web Day, usados pelos diretores da antiga Odebrecht para operar e controlar os repasses de propina. Entretanto, Toffoli anulou tais evidências, em decisão monocrática, em setembro do mesmo ano.

A Procuradoria da República no Paraná queria o acesso aos dados das contas que a empresa mantinha na Banca Privada de Andorra (BPA), usadas para lavar o dinheiro das propinas que a empresa pagou a políticos e a outras autoridades no Brasil e em outros países onde atuava, como Peru, Argentina, Panamá e Colômbia. Segundo as investigações, pelo menos 200 milhões de dólares em propinas circularam pelo BPA.

A fraude, mascarada por funcionários de alto escalão da BPA, colocou em evidência o sistema financeiro de Andorra, usado historicamente como um dos muitos paraísos fiscais da Europa. O banco também foi acusado de lavar dinheiro de cartéis de drogas, tráfico de pessoas e outros crimes. A instituição se tornou alvo de investigações não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos.

As investigações no Brasil mostraram que a Odebrecht usava contas de fundações inexistentes, para as quais enviava dinheiro por serviços não prestados, o qual posteriormente era depositado nas contas das autoridades beneficiadas com o propinoduto da empresa. Tudo foi confirmado por ex-executivos da companhia, nos respectivos acordos de delação que firmaram. Essas provas todas foram jogadas no lixo pela decisão de Toffoli.

Para o ministro, com a nulidade de tais provas, outras investigações que possam ser baseadas nas evidências dos sistemas da Odebrecht também não devem prosperar. Toffoli, inclusive, citou nota da Procuradoria-Geral da República, reconhecendo a imprestabilidade do material obtido durante o acordo de leniência da Novonor com as autoridades.

"Por tais razões, não há como deixar de concluir que os mencionados elementos de convicção derivados no Acordo de Leniência no 5020175- 34.2017.4.04.7000 celebrado pela Odebrecht encontram-se nulos, valendo mencionar que referidos vícios implicam a vedação de utilização em sede administrativa de mencionado material probatório", afirmou o ministro.

Maior escritório do mundo e principal juiz de falência dos EUA enfrentam suspeita de corrupção.

Leia Mais

O cachimbo sem paz

20/06/2024 às 19:07

Julgamento sobre pena do porte de maconha tem briga entre ministros e voto que consolida maioria.

Leia Mais

Empreiteiras que renegociam multas buscam apoio de Vaccari e outros petistas para pressionar governo

Leia Mais

Polícia Federal faz operação contra desembargador suspeito de vender sentenças no TJSP

Leia Mais

Explica, delegado

20/06/2024 às 14:38

Fux manda intimar PF para se manifestar no inquérito sobre prática de rachadinha por Janones

Leia Mais

Advogada que já representou políticos importantes pode atrapalhar candidato do ministro Luiz Marinho

Leia Mais

Novo ministro do TST, apoiado por Pacheco, é aprovado quase por unanimidade no Senado.

Leia Mais

Ex-marqueteiros do PT, João Santana e Mônica Moura têm processos anulados pelo ministro do Supremo.

Leia Mais

O novo corregedor

19/06/2024 às 20:28

Senado aprova indicação de Mauro Campbell Marques para a Corregedoria-Nacional de Justiça.

Leia Mais

Disputa pela Usiminas foi decidida pelo STJ na terça, mas empresa derrotada já disse que recorrerá.

Leia Mais

Moleza no TRF3

19/06/2024 às 19:00

Com advogados ligados ao PT, listas para duas vagas no tribunal têm escolhas fáceis para Lula

Leia Mais

CCJ do Senado aprova lei que regulamenta cassinos e jogo do bicho por 14 votos a 12.

Leia Mais

Velhos conhecidos

19/06/2024 às 15:00

Após suspeitas, dois juízes que atuaram na massa falida da Usina Laginha viraram corregedores dela.

Leia Mais

Fraport pediu prazo de quatro semanas para levantar informações sobre danos no Salgado Filho

Leia Mais

Irmãos Brazão e outros dois suspeitos de planejar a morte de Marielle Franco viram réus no Supremo

Leia Mais