O plano Haddad
O pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite desta quarta teve jeito de peça de campanha: muita falação e pouco conteúdo. Haddad foi à TV após meses de pressão para que o governo Lula demonstrasse compromisso com o equilíbrio das contas públicas. Entregou, com musiquinha e as clássicas tomadas aéreas de lugar nenhum, o oposto do esperado. Os sete minutos de discurso ampliaram as incertezas sobre a trajetória da dívida pública brasileira.
Haddad apresentou um número como fato: 70 bilhões em economias nos próximos dois anos. Não disse, porém, como o governo chegará a ele. Deu sinais contrários ao prometer, sem mencionar que precisará do Congresso, isenção de Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais.
Numa conta que não fecha politicamente, assegurou que a isenção será integralmente coberta pela cobrança de mais imposto para quem recebe mais de 50 mil reais. Mesmo que a conta feche nos números, o que é duvidoso, na prática deixar de cobrar imposto dos mais pobres é mais simples do que passar a cobrar dos mais ricos.
O pronunciamento jogou a encrenca ao Congresso. Não houve negociação. Os parlamentares foram comunicados pela TV sobre a “maior reforma de renda” da história do Brasil. Ainda que o projeto possa ser meritório, não é assim que se faz política.
Haddad tentou conquistar um público que não gosta da esquerda. Falou em ajudar os “empreendedores”, termo até então desprezado pelo PT. É um discurso que parece mirar 2026. E Haddad tenta se posicionar como a cara dele. A linguagem formal não colaborou. Mas, se entregar as bondades, o palavreado pouco interessa. Se não entregar, virará meme - mais uma vez.
Além da isenção de IR, o ministro disse que o governo vinculará a correção do salário-mínimo à regra do novo Arcabouço Fiscal. Também estabelecerá idade mínima para aposentadorias militares e limitação de pensões. Falou ainda em limitar os super-salários de funcionários públicos. Para um governo com dificuldades de articulação política, é um coquetel legislativo e tanto.
O efeito imediato do plano Haddad foi lançar os economistas às calculadoras; políticos, ao WhatsApp; e empresários, aos seus tributaristas. Ninguém vai dormir melhor do que ontem. E, a depender da coletiva amanhã em que a Fazenda diz que detalhará as medidas, a reação do mercado será implacável.
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