Os recados de Kassab

A subida de tom de Gilberto Kassab nas críticas ao governo Lula não pegou o Palácio do Planalto de surpresa. É o que garantem dois interlocutores do presidente em conversa com o Bastidor. Na manhã desta quarta-feira (29), o chefe do PSD chamou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de fraco. Disse que o petista tem dificuldade de “comandar”.

Para Kassab, se a eleição fosse hoje, Lula correria sérios riscos em sua reeleição, pois "o PT não estaria na condição de favorito, mas na condição de derrotado”. Acrescentou que o centro busca alternativas para 2026. As declarações foram dadas em São Paulo, durante evento do banco de investimento UBS BB.

As aspas eram esperadas por integrantes do governo e pelo próprio Lula. E têm a ver com a reforma ministerial que se avizinha. O presidente cogita tirar o ministério da Agricultura do PSD. A pasta, que tem hoje no comando Carlos Fávaro (PSD-MT), é cotada para ser entregue a Arthur Lira (PP-AL).

O PSD não quer só manter a Agricultura. Pretende trocar a Pesca pelo ministério da Ciência e Tecnologia - que tem maior capilaridade para chegar a municípios -, permanecer com Minas e Energia e ganhar um espaço nobre para Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

No governo, que tenta minimizar as críticas, a leitura é que Kassab aproveita a queda de popularidade do governo e o aumento do tamanho do PSD, que passou a ser o partido com o maior número de prefeitos do país, para pressionar. Ele teve encontros com Lula fora da agenda e recebeu sinais de que pode indicar o vice na chapa petista em 2026.