Os inimigos de Janja

Velhos aliados de Lula reclamam que nem eles conseguem agenda com o presidente sem passar pela primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja. As queixas ultrapassam o Palácio do Planalto, saem do Congresso e atingem antigos conselheiros que hoje estão distantes do petista.

Em um dos episódios, no passado recente, Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula, seu amigo e hoje em uma secretaria menor no ministério do Trabalho, experimentou uma tentativa frustrada de aproximar o petista de aliados sem ter que passar diretamente pela primeira-dama. Depois, ouviu do presidente que, se fosse para criticar Janja, nem precisava falar nada.

As dificuldades recentes de articulação política do governo com o Congresso mudaram um pouco o cenário em relação ao comportamento de Lula com deputados e senadores. A nova postura do presidente, contudo, ainda não foi suficiente para evitar as críticas à esposa.

Com o intuito de enfraquecer o poder da primeira-dama, houve recentemente uma tentativa de requentar a história de um apartamento na avenida Vieira Souto, no Rio de Janeiro. O caso foi revelado em 2022. Membros antigos do próprio PT fazem esse trabalho de espalhar armadilhas. Buscam alguma suspeita sobre Janja com o objetivo de alertar gente do governo de que há um risco de concentrar poder em uma pessoa que não faz parte da administração oficialmente.

Os velhos aliados de Lula, muitos envolvidos no Mensalão e no Petrolão, ainda buscam - sem êxito - ter maior influência no primeiro escalão do governo. Alguns até têm indicados em empresas públicas, mas sem a participação direta nas decisões da gestão petista. Um exemplo é o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que nomeia pessoas nos Correios.

São essas pessoas que querem mais espaço e vêem em Janja um obstáculo.