Bolsonaro não pode culpar apenas os céus por crises hídrica e energética

Brenno Grillo
Publicada em 02/11/2021 às 06:54
Foto: Raul Spinassé/Folhapress

Em sua última live presidencial, no dia 28, Jair Bolsonaro deu "graças a Deus" pelas chuvas dos últimos dias, mas ressaltou que ainda "precisa chover mais" para que não haja racionamento em 2022 - a medida foi cogitada neste ano, mas descartada após o aumento dos níveis pluviométricos. 

Antes disso, a preocupação com a falta de água e energia foi tamanha que até apelos ao sobrenatural foram feitos. O governo procurou a Fundação Cacique Cobra Coral em busca de auxílio xamânico para a água cair do céu, já esperando o crescimento no consumo - que em setembro aumentou 5,5% na comparação do acumulado dos últimos 12 meses com o período imediatamente anterior.

Bolsonaro pode até pedir aos céus, mas sempre soube dos riscos de crises hídrica e energética no Brasil. O presidente também tem noção de que esses problemas nasceram da falta de planejamento.

Um exemplo disso foi Bolsonaro dizer que reduziria a bandeira tarifária e depois ser publicamente contrariado por Bento Albuquerque. O ministro de Minas e Energia negou qualquer mudança na conta de luz. No fim das contas, baixou-se o preço da cobrança apenas de consumidores inscritos em programas sociais.

Relatórios da Agência Nacional das Águas (ANA) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) alertam para riscos de falta d'água e de energia desde que a Presidência da República passou pelas mãos de PT e MDB.

A ANA já citava em 2018 o registro de "recordes (maior seca do histórico) de seca nas RHs [Regiões Hidrográficas] do São Francisco, Parnaíba, Tocantins-Araguaia, Atlântico Leste, Atlântico Nordeste Oriental e Atlântico Sudeste". Naquele ano, a agência também alertou que, em 2017, "cerca de 38 milhões de pessoas foram afetadas por secas e estiagens no Brasil".

Em 2019, primeiro ano da gestão bolsonarista, novo aviso da ANA. A agência disse ao governo recém-empossado que, em 2018, 51% das mais de 5,5 mil cidades brasileiras decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública por conta da seca - há três anos, ainda de acordo com o órgão, 43 milhões de pessoas sofreram com a falta de chuvas no Brasil.

O mesmo cenário de falta de planejamento pode ser visto no setor de energia, que depende diretamente da quantidade de água. Até dezembro de 2019, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, dos 162 GW de capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional (SIN), 63% vinham de hidroelétricas, 14% de termoelétricas e usinas nucleares e 23% de outras fontes, como biomassa, eólica e solar.

Ainda em 2018, a EPE apontava para um crescimento médio anual de 3,8% da carga sobre o Sistema Interligado Nacional até 2023 - todas as projeções consideraram a crise econômica vivida pelo país desde 2016, ou seja, em momento algum são consideradas oscilações por criação de nova demanda, somente a retomada de padrões anteriores.

Para 2021, o ONS prevê 4,6% de aumento da carga - essa projeção, diz o órgão, considera "um incremento do PIB de 5,0%", o que já foi descartado por bancos e economistas.

As soluções - sempre de médio e longo prazo - são as mesmas sugeridas desde os governos petistas: investimento em equipamentos de maior eficiência (tanto na produção quanto na distribuição de eletricidade), além de melhor discussão prévia e análise técnica para acelerar o licenciamento ambiental de hidrelétricas.

Mas, mesmo com previsão de baixo crescimento econômico, o Brasil tem muito o que resolver sobre o aproveitamento de água e energia. Dados de 2019 do instituto Trata Brasil mostram que 39,2% de toda a água potável consumida no país foi perdida no trajeto entre as unidades de tratamento e residências.

Para contornar essas deficiências, o Congresso, com forte apoio do governo, aprovou o marco regulatório do saneamento. Mas a ideia, que busca maior participação da iniciativa privada no setor, é de longo prazo, levando décadas até reduzir consideravelmente essa deficiência.

Especificamente sobre o consumo de energia, a solução no curto prazo continua no uso de termelétricas. Porém, medidas como essa tendem a ser cada vez mais mal vistas - a COP26, na Escócia, é exemplo da preocupação global com o clima. Tanto que o Brasil se comprometeu em reduzir 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030. Só falta saber se essa meta será cumprida.

Duas vereadoras do PL são apontados como favoritas a formar a chapa com Ricardo Nunes em São Paulo

Leia Mais

Manifestação em defesa de Jair Bolsonaro é - e será - comício do PL para eleição municipal

Leia Mais

Defesas de empreiteiras contam com prorrogação de prazo para renegociar acordos de leniência

Leia Mais

Bola com Dino

21/04/2024 às 13:44

Desembargadores afastados da funções pelo CNJ pedem que STF corrija erros de Luís Felipe Salomão.

Leia Mais

Ligação suspeita

20/04/2024 às 06:00

Advogada que atuou para Luiz Estevão ajudou a julgar servidores que o contrariaram na cadeia

Leia Mais

Flávio Dino desengaveta reclamação que leva STF de volta à discussão das emendas de relator.

Leia Mais

Avanço da PEC do Quinquênio é compromisso de Pacheco e Alcolumbre com integrantes do Judiciário

Leia Mais

Pressa para gastar

18/04/2024 às 19:00

Plenário do Senado começará a decidir sobre a PEC do Quinquênio a partir da próxima semana

Leia Mais

Governo volta a colocar Alexandre Padilha no centro do controle das emendas parlamentares

Leia Mais

Defesa de Bolsonaro é apenas uma justificativa para ato de pré-campanha eleitoral

Leia Mais

CCJ do Senado aprovou projeto que reintegra o quinquênio aos salários do Judiciário.

Leia Mais

Foi a votação que analisou a prisão de Brazão que fez o clima entre o governo e Lira esquentar

Leia Mais

A divisão no CNJ

16/04/2024 às 21:30

Votos dos conselheiros no caso Lava Jato espelham a cisão entre magistrados de carreira e advogados.

Leia Mais

Foi e voltou

16/04/2024 às 21:14

TRF3 reconduz presidente do conselho de Administração da Petrobras ao cargo após afastamento

Leia Mais

Ministro da CGU pode ser convocado a explicar relação do seu escritório de advocacia com a Novonor

Leia Mais